Líderes que frutificam

*Por Virginia Campos e Patrícia Boson
A Sociedade Mineira dos Engenheiros, SME, reinstalou, em 2019, a Comissão Técnica de Recursos Hídricos, acrescentando a ela o tema Saneamento.
A Comissão Técnica de Recursos Hídricos é uma tradição da SME, que teve fundamental importância na construção das Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, expressas nas respectivas Leis 9.433/97 e 13.199/99. À frente dessa Comissão e de seus trabalhos, desde meados da década de 1980 e agora na retomada, um ícone da hidráulica e da hidrologia, Sérgio Menin Teixeira de Souza. Duas características marcantes nesse engenheiro líder: profundo conhecimento, técnico, científico, histórico do tema e uma generosidade ímpar em compartilhar todo o saber com os que com ele trabalhavam ou conviviam, mas, especialmente, como contribuição para a sociedade. Sérgio esteve sempre pronto a coordenar e contribuir com conteúdos voltados para o fortalecimento das instituições e políticas públicas no campo da gestão de recursos hídricos. Seu papel na formulação das políticas mencionadas é inconteste. Reconhecido por todos que vivenciaram esse rico período.
O querido, e já saudoso, engenheiro Sérgio Menin nos deixou há pouco, “o amigo se foi atrás dos mistérios que sempre buscou”. Como presidente da Comissão reinstalada, logo propôs uma Nota Técnica de Recomendação Estratégica (2019), por ele preparada e aprovada por todos, dirigida aos recém-empossados líderes dos poderes Executivo e Legislativo de Minas. A Nota alertava para a fragilidade que se encontrava (e encontra) o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, retratada no triste pêndulo: metade do ano centenas de municípios declaram calamidade pública por escassez hídrica e outra metade, outras quatro centenas declaram calamidade pública por excesso hídrico. Tema que integra, de novo (água mole em pedra dura…), a proposição da SME para o governo que agora reassume o comando.
Sérgio participou ainda, com o brilhantismo de sempre, acompanhado de outras cabeças também brilhantes da Comissão, das discussões de tema, que no momento ocupa, mais uma vez e tristemente, as estatísticas e mídia: drenagem urbana, ou, a total falta dela. Como resultado, alertas com forte embasamento técnico e apontamento de soluções, foram encaminhados para o Governador do Estado de Minas Gerais, para a Associação Mineira de Municípios e para a Prefeitura Municipal de BH, chamando a atenção para o fato de que “as engenharias nacionais reúnem todas as condições de conhecimento, capacitação e ferramental para atuar no planejamento, na gestão e no controle dos eventos críticos adversos”.
Assim, como discípulos desse brilhante hidrólogo e preocupados com a aparente inércia diante de tantos alertas dados, fazendo com que as estatísticas das tragédias urbanas consequentes das cheias nos assombrem todo ano, que a SME se organiza, por meio de sua Comissão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento, para o lançamento, em breve, do Observatório ATUAÇÃO.
O ATUAÇÃO tem como objetivo capacitar os munícipes para ação preventiva, corretiva, e, especialmente, de assistência para acesso a recursos de investimentos em projetos de gestão e mitigação dos impactos adversos consequentes dos eventos hidrológicos extremos, notadamente as cheias, incluindo a capacitação de agentes locais (brigadas antienchentes).
Essa inciativa da SME conta com ricas parcerias, com destaque para o Ibape/MG, Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, o CIEE, Centro de Integração Empresa-Escola, e ainda com o apoio da Plataforma Prox (plataforma desenvolvida pela Cemig), da Defesa Civil e da Fiemg, por meio da Câmara da Indústria da Construção.
Agradecemos ao Sérgio Menin por tão rico legado. O Observatório ATUAÇÃO é fruto de sua liderança.
*Virgínia Campos – Presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros – SME e Patrícia Boson – Presidente da Comissão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento da SME
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