Opinião

Luiz Carlos Abritta

Luiz Carlos Abritta
Crédito: Pixabay

“A morte é a curva da estrada”. (Fernando Pessoa)

O poeta Fernando Pessoa, volta e meia citado pelo Abritta nas sessões literárias da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, explica assim o fenômeno da morte: “A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto”.

O inesquecível companheiro Luiz Carlos Abritta, que passou a não mais ser visto na curva da estrada, vai fazer baita falta nas áreas da militância do oficio das letras e das artes. Na caminhada cultural, por vezes extenuante, mas sempre reservando compensadoras descobertas aos caminhantes, poucos como ele. Poucos com sua incomum capacidade para multiplicar-se em afazeres relevantes e tocá-los com eficiência a um só tempo. Em cintilante trajetória como procurador de Justiça e cidadão de exemplar conduta, provido de apreciável conhecimento das coisas da vida, o ilustre personagem soube aliar a condição de intelectual brilhante à de exímio gestor executivo de bens culturais. Na Amulmig, de que era presidente emérito, e no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, que vinha presidindo, com a competência costumeira, deixa marcas inapagáveis de labor criativo. Sua obra literária abrangendo narrativas envolventes e versos primorosos asseguram-lhe inclusão na galeria das celebridades festejadas pelo mundo cultural das Gerais.

Abaixo, uma pequena amostra da sugestiva obra poética do saudoso Abritta, aclamado trovador.

 “Nem o sofista profundo/esta verdade falseia:/quem se julga rei do mundo/é um pequeno grão de areia!” // “Sempre foste minha amada/e, no doce cativeiro, /sem algema e sem mais nada, /tu me prendes por inteiro”. // “Nesta vereda que é a vida, /vou de tropeço em tropeço, / pois cada nova subida/ é sempre um novo começo”. // “Vou definir a saudade/ e não sei se estarei certo: / saudade é aquela vontade / de que o longe e fique perto”.

Vez do leitor – A propósito do comentário “O fascínio das coleções” (DC 11/11), recebi do jornalista Inocêncio Nóbrega a seguinte mensagem: “Nobre jornalista:  muito bem-posto seu comentário acerca do hábito de colecionar as coisas. Contrai-o desde a adolescência, de preferência sobre os jornais impressos. Minha hemeroteca alcança, hoje, centenas de títulos, cobrindo todos os estados brasileiros, inclusive estrangeiros. Destaco os datados de 1972, apesar do ápice da ditadura militar, notadamente da época do Sesquicentenário. Também recortes os tenho, catalogados por assuntos.  Justifico, não aceito o ato de destacar o exemplar do jornal, inteirinho, condenando-o à morte pelos multiusos caseiros, de oficinas mecânicas, etc. Não nos ensinaram as faculdades como respeitá-los e utilizá-los convenientemente.  Normalmente os disseco antes de descartá-los”.

O jornalista Orlando de Almeida assim se manifesta sobre dois recentes artigos aqui estampados: 1) “Um minuto para meia noite” (DC 2/11): “Um minuto para a meia-noite. Excelente a sua análise sobre o tema que monopolizou a reunião dos líderes mundiais. Se os países mais poderosos do planeta ficarem mais uma vez só no discurso, no blábláblá, e não adotarem ações concretas para ontem, as consequências serão fáceis de imaginar. Aliás, já estão ocorrendo em todo o mundo”.  2) “Relembrando santa criatura” (DC 23/10): “Estive uma vez com meu saudoso pai em visita ao Mosteiro de Macaúbas, mas não conhecia a história da irmã Maria da Glória, que está na Glória Eterna, sem dúvida. Um mistério o que você narrou sobre a evaporação da água benta no copo. Com certeza um desígnio da Providência Divina, no qual devemos acreditar, pela nossa fé, e não querer entender, como pontuou o saudoso sacerdote da Boa Viagem”.

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