Opinião

Mercado de investimentos mais aquecido do que nunca

Mercado de investimentos mais aquecido do que nunca
Crédito: REUTERS/Paulo Whitaker

O ano de 2020 foi marcado por diversos desafios para as empresas, de modo geral e em todo o mundo. Mas, as que mais sofreram foram aquelas que ainda não estavam completamente inseridas no universo digital. E ao contrário do que se imagina, esse não foi o caso apenas de pequenas marcas. Muitas companhias que dominam seus mercados, chamadas de “tradicionais”, também tiveram bons aprendizados ao longo do ano, ao enxergarem a aceleração do que já havia sido notório no comportamento do consumidor, voltado completamente para o on-line.

O reflexo disso são os números de investimentos em venture capital feitos em startups brasileiras em 2020. O ano bateu recorde com US$ 3,5 bilhões aportados, segundo a Distrito. E em 2021, só no primeiro semestre, o mercado já movimentou US$ 3,2 bilhões. Em relação a fusões e aquisições, os primeiros meses deste ano já superam em mais de 53% o do ano passado.

Os dados, claro, refletem um mercado em expansão no Brasil, que já caminhava para o crescimento exponencial, considerando a globalização e a alta competitividade empresarial no País. Mas a crise sanitária e as mudanças de comportamento de consumo acarretadas por ela, também fizeram as marcas buscarem em um M&A a solução de problemas ou o caminho para ainda mais sucesso.

Uma fusão ou aquisição pode ampliar o alcance da empresa, reduzir custos e riscos, além de possibilitar a diversificação de mercado. Exemplos disso são marcas que não conseguem escalar seus serviços e adquirem startups para conseguirem, ou grandes empresas que possuem a estratégia 100% focada em ambiente offline e precisam chegar ao on-line.

Além desses cenários, há também diversas outras estratégias envolvidas em um M&A que fazem desse mercado um ótimo jogo de tabuleiro. Cada movimentação feita pode alterar segmentos e até negócios por completo, portanto, a tendência é vermos ainda mais movimentos como esses acontecendo daqui para frente. O mercado brasileiro está mais aquecido do que nunca, pois são em momentos mais instáveis que surgem as melhores oportunidades. E as organizações que acompanham de perto as constantes mudanças de cenário são as mais preparadas para encarar esse jogo.

Basta ver como algumas gigantes já estão atuando. Apenas neste último ano, a Magazine Luiza adquiriu nove empresas. E o próprio Nubank, que é razoavelmente novo no mercado, já se lançou nessa onda e fez a primeira aquisição no início deste ano. Além da própria Natura e diversas outras que estão mostrando que, por mais desafiador que seja o momento, também é o mais oportuno. Outro movimento forte que estamos vendo são os IPOs de empresas de tecnologia, como o caso da Meliuz, uma startup de cashback, da Enjoei, uma startup de brechó on-line e a Neogrid, que fornece soluções em SaaS para cadeia de suprimentos, todas que abriram seu capital na B3 no final do ano passado.

Há ainda o outro lado de toda essa competição e movimentação. Não são apenas as marcas e seus líderes que ganham, ao contrário do que pode superficialmente parecer. Os maiores beneficiados são os consumidores, que conseguem encontrar cada vez mais diferentes marcas que entregam o que buscam de forma eficiente e de encontro com o que esperam. São dores sendo cada vez mais resolvidas, serviços sendo entregues de forma mais acessível e competitiva. De “casamentos” como esses, surgem produtos e soluções inovadores de forma a atender demandas e necessidades cada vez mais latentes no mercado.

O ano de 2022 já promete muitas novidades. Principalmente por marcar, provavelmente, um período pós-crise sanitária e uma nova forma de consumo mundial. Dessa forma, o universo da tecnologia, inovação e digitalização ainda está longe de perder forças. E os investimentos nesses segmentos ainda trarão muitos benefícios aos mercados e seus consumidores.

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