Opinião

Mercados abertos aos jovens empreendedores

Mercados abertos aos jovens empreendedores
Crédito: Divulgação

Geneviève Poulingue*

Uma visão sistêmica é cada vez mais necessária para compreender as necessidades e as dores da sociedade e, portanto, os mercados aos quais responder. Este é o desafio para os empreendedores de hoje que desenvolvem ideias e propostas de valor e que não podem simplesmente apresentar um produto ou serviço, como faziam no passado. É necessário criar um conceito relacionado a uma experiência.

E, antes de começar, é preciso entender mais globalmente possível a relevância de seu projeto. De onde a concorrência pode vir, como se diferenciar e quais são os riscos associados aos investimentos a serem feitos. A ambição de muitos, especialmente dos jovens de participar ou até mesmo causar uma revolução de mercado. Observo com admiração a autoconfiança desses. Mas alerto que é preciso sabedoria para extrapolar a estratégia convencional.

Mas como desenvolver uma visão estruturada para captar os desafios da proposta? Como abraçar o conhecimento necessário para compreender um mundo complexo? Dependendo do projeto a ser desenvolvido, é claro que o trabalho interdisciplinar é mais do que desejável. O empreendedor não pode mais ser um lobo solitário. Sua primeira virtude é saber rodear-se de competências-chave e unir-se a redes de inovação empresarial.

No passado, muitos exemplos de empresários autodidatas não passaram por essas etapas “de treinamento” para desenvolver seus negócios e foram bem-sucedidos. Entendo que estes caminhos visionários, que não se encaixam em um formato de análise acadêmica por serem muito mais intuitivos, foram mais viáveis do que são hoje. Agora, há instrumentos para prototipar, testar e viabilizar o projeto através de uma rede de conhecimentos, networking e outros caminhos. E o líder do projeto deve encontrar um ecossistema, investidores e um mercado qualificado para cada empreendimento.

Vejo que a educação tem um papel importante.  Na Faculdade Skema, onde sou reitora, enfatizamos a necessidade de conhecimento transversal e, consequentemente, o desenvolvimento de novas habilidades para evoluir em um mundo de trabalho que quase sempre convida a vários campos do conhecimento.

Não apenas na administração, estamos adotando o empreendedorismo como abordagem estratégia na faculdade de direito.  Entendemos que essa carreira não pode mais se dissociar do desenvolvimento tecnológico e, em particular da inteligência artificial (sem querer transformar nossos advogados ou gerentes ou em engenheiros), e tampouco do empreender, com a faculdade de gestão. Nesse sentido, nossos alunos de todos os cursos são convocados  também a refletir sobre questões geopolíticas e o impacto sobre os mercados, e aprender sobre design, o que permite aos estudantes desenvolver uma maneira de projetar seu projeto e submetê-lo a vários testes iterativos antes de finalizar uma primeira versão e enfrentar os investidores de capital (capital de risco)!

Estes caminhos visionários que não se encaixam em um formato de análise, foram mais viáveis no passado. Hoje, os jovens bem acompanhados, motivados e finalmente dotados de um perfil feroz para ver valor onde outros não o veem, engajam-se em um caminho emocionante e difícil de formação de cidadão crítico e audaz quando instrumentalizado. Algumas oportunidades são relevantes e seguimos criando nossas redes.

Uma delas é “Bootstrap Americas”, seminário intensivo que permite aos jovens “aprendizes” empreendedores trabalhar na proposta de valor de seu projeto, até o modelo de negócios. Organizado pela SKema Ventures para o benefício de nossos estudantes em nosso campus em Belo Horizonte, é feito em parceria com o campus da SKema Raleigh na Carolina do Norte, EUA, e conta com especialistas em empreendedorismo de cultura e gerações diferentes, proporcionando oportunidade de crescimento e intercâmbio para todos.

Na minha opinião, o empreendedorismo transversal em diversas carreiras contemporâneas abre a perspectiva para que muitos jovens desenvolvam a ousadia em agir e sua capacidade de desenvolver projetos empresariais sociais e societais não isentos do cumprimento de critérios de desempenho econômico. E isso é urgente para a reformulação de economia mundial mais saudável para o planeta.

*Economista, presidente da Câmara de Comércio Internacional França Brasil/ Minas Gerais e reitora da Faculdade SKEMA Business School www.skema.edu

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