Opinião

Mercosul/União Europeia e nossa lição de casa

Mercosul/União Europeia  e nossa lição de casa
Crédito: Alan Santos/PR

Maurice Kattan *

Veio do Japão a notícia mais importante da última sexta-feira de junho: coroando anos e anos de conversas e surpreendendo os menos otimistas, finalmente o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul foi assinado.

A novidade, em princípio, é boa para a economia brasileira. Somos exportadores de diversas commodities para países europeus, e a queda das tarifas alfandegárias que hoje incidem sobre insumos como a carne bovina, o etanol e mercadorias agrícolas poderá estimular um aumento na aceitação dos nossos produtos.

Por outro lado, a indústria poderá se ressentir. Temos sido pouco inovadores, nossa produtividade é baixa – estudos indicam que, em média, a mão de obra brasileira tem 25% da capacidade produtiva de um trabalhador norte-americano e metade do desempenho de um europeu – e a entrada de eletroeletrônicos, roupas, cosméticos, calçados e toda uma ampla variedade de manufaturados europeus no mercado nacional poderá facilitar a compra de importados, afetando ainda mais a sobrevivência da indústria verde-amarela.

Existe também uma necessidade urgente de investirmos em melhorias de infraestrutura para dar vazão ao que produzimos e pretendemos exportar. Não faz o menor sentido o País permanecer eternamente penalizado pelos portos insuficientes e pelas péssimas estradas que cortam o Brasil. Se somos dependentes do modal rodoviário, que ao menos este melhore de forma rápida e efetiva.

O governo também precisa repensar sua abordagem na questão socioambiental. Os países europeus estão entre os mais comprometidos com a agenda da sustentabilidade. Não podemos ignorar que essa pauta é importante para os nossos potenciais importadores. A busca por um caminho de crescimento econômico que contemple também o respeito ao meio ambiente e a busca pela equidade social é prioritária no mundo todo.

*Economista e sócio da Union National

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