Mil dias se passaram…
Cesar Vanucci*
“… Quem mandou matar Marielle?” (Dizeres contidos em faixa de manifestação de protestos pelos 1.000 dias sem solução do assassinato da vereadora carioca).
- Mais de mil dias já rolaram e ninguém, dentre as autoridades competentes, sabe dizer ainda quem mandou matar Marielle. Dois membros da temida milícia carioca foram denunciados como autores dos disparos que eliminaram a vereadora carioca e seu assessor. Informou-se, na época, que um deles, morador de condomínio de altíssimo luxo na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, mantinha, noutra propriedade, arsenal suficiente para equipar um regimento, com centenas de fuzil-metralhadoras de modelo altamente sofisticado. Foi dito, ainda, que um outro miliciano foragido, localizado na Bahia e morto por policiais que estavam no seu encalço, poderia ser portador de revelações valiosas sobre o atentado. De outra parte, uma das frentes de investigação está travada diante de uma estranha batalha judicial entre o Google e o Ministério Público do Rio. Os promotores querem que a empresa compartilhe dados correspondentes à geolocalização de usuários que, em um intervalo restrito, passaram pelo local onde o carro utilizado pelos acusados foi avistado pela última vez. O Google se nega a dar a informação requerida, já tendo sido derrotado em decisão judicial de segunda instância quanto a esse posicionamento. Muita gente acredita que a informação desejada pelo Ministério Público só será obtida através de veredicto do Supremo Tribunal Federal. Um lance burocrático jurídico por demais exagerado, visto está. Dá pra entender porque a opinião pública vê no caso Marielle indicações robustas de um repeteco do caso P.C.Farias.
- Mais essa agora! Como se já não bastasse a Covid-19, a Anvisa coloca-nos em alerta quanto a outra ameaça letal: o C.Auris, um “superfungo” capaz de levar à morte até 60% dos infectados. Laboratórios especializados estão analisando amostras desse elemento patogênico identificado em hospital da Bahia. A respeito do “Cândida Auris” sabe-se que é um dos fungos mais temidos pelos serviços médicos no mundo inteiro. Resiste a medicamentos potentes e costuma ser de difícil identificação. Já acusou presença em mais de 20 países. Só nos Estados Unidos foram 587 os casos levantados. “No Brasil não havia relato de nenhum caso de infecção, mas no dia 7 de dezembro, a Anvisa foi notificada do primeiro provável caso positivo num paciente internado em UTI na Bahia”, informou o órgão, em comunicado à imprensa. A informação foi completada com a revelação de já ter sido constituída força-tarefa incumbida de acompanhar a situação e estabelecer medidas preventivas capazes de conter a disseminação. Técnicos de órgãos ligados à política da saúde fazem parte do grupo. A amostra do fungo foi coletada no cateter do paciente e encaminhada ao Laboratório Central de Saúde Pública em Salvador e ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. De acordo com a Anvisa, antes da confirmação oficial, a amostra será submetida a análise de sensibilidade e resistência pelo sequenciamento genético. Os setores competentes esclarecem também que o “superfungo” foi identificado pela primeira vez em 2009 no Japão. Ele é capaz de sobreviver em ambientes hospitalares, o que exige, por conseguinte, atenção redobrada no tocante à limpeza rigorosa dos espaços reservados a pacientes em estabelecimentos hospitalares. Não se conhece ao certo, de outra parte, como a infecção se processa. Num primeiro momento, entretanto, acredita-se que a propagação do fungo possa decorrer de algum contato com equipamentos contaminados, ou seja passado de pessoa para pessoa. Na expectativa, naturalmente, de explicações complementares, por parte da Anvisa, responsável pelo alerta emitido, todos nós aguardamos que a situação seja pronta e eficazmente controlada, de modo a não termos que confrontar, de repente, mais esse “fungozinho”… O “resfriadinho”, ele só, já é dose…
Vez do leitor – A propósito do artigo “O começo do começo da ALTM” (DC.24.11), o escritor João Eurípedes Sabino, presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro escreve: “Em alusão ao começo do começo da Academia. Descrições assim nos remetem a tempos que não voltam mais. Todavia, nos confortam o coração ao saber da luta dos primeiros para que tivéssemos dias tão auspiciosos no presente. Sinto-me sumamente honrado pela citação do meu modesto nome ao lado de figuras inesquecíveis”.
A respeito do comentário “Uma só raça, a humana” onde faço alusão ao ator Lázaro Ramos, Zuza Silva registra: “Lázaro Ramos, você tem a faca e o queijo nas mãos pra lutar e nos ajudar a lutar contra o racismo. Quando menina, estudava em orfanato. Você não imagina o que de humilhação sofri, por ser pobre, negra e filha da miséria”.
A escritora Edelveis Campos, sobre o mesmo artigo: “Cada vez admiro mais os seus textos”.
*Jornalista ([email protected])
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