Miséria aumenta no Brasil
Nossa avolumada coleção de infortúnios está sendo acrescida de mais outra atordoante revelação. É trazida por órgãos governamentais que desfrutam de justificada credibilidade e que são responsáveis por oferecer subsídios valiosos na formulação das políticas públicas. Projeta-se diante de nossos aturdidos olhares a brutal evidência de que o País abriga, na hora atual, mais miseráveis do que há um decênio.
Somam 27 milhões os patrícios que vivem em situação de absoluta penúria. As constatações vindas a lume resultam de cálculos e critérios de avaliação socioeconômica adotados universalmente. O contingente humano clamorosamente excluído equivale a quase 13% da população. Seus desditosos integrantes acham-se concentrados numa faixa de renda média – pasmo dos pasmos! – de 246 reais/mês. Noutras palavras, eles “têm que se virar”, para sobreviver(?) com R$ 8,20 por dia.
As informações são de um estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas, a partir de dados extraídos das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads), conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Na interpretação dos elementos levantados, os pesquisadores deixam claro que a supressão do auxílio emergencial, oferecido em razão da pandemia, concorre para agravar um estado de coisas já por si mesmo bastante dramático.
Quadro comparativo aponta os índices de pobreza absoluta entre 2011 e agora. No início da década passada eram de 12.400 mil as pessoas com renda equivalente a R$ 246,00/mês. Por volta de 2014 eram quase 9 milhões e meio. Em 2019 chegavam a 11 milhões. De maio a agosto de 2020, o total decresceu razoavelmente, graças à concessão da ajuda emergencial: 4,5 milhões de pessoas. Mas, já agora, com a insuficiência de empregos, com as dispensas, com o fim do auxílio emergencial, os números dispararam sendo muito superiores aos de 2011, conforme sublinha a FGV.
A reclusão social, desagradável mas indispensável, ampliou na vida de muita gente o tempo reservado à televisão. E tome novela. E tome notícia de Covid. O telespectador atento percebe que o “padrão global de qualidade” de agora já não é mais o mesmo de outrora. Mas, mesmo assim, a programação da Globo supera nitidamente, entre os chamados “canal aberto”, a das demais emissoras.
A série musical “The Voice”, contemplando artistas mirins, artistas com menos ou mais de 60 anos, merece a audiência conquistada. O realce fica por conta dos intérpretes da “melhor idade”. Falar verdade, a gente tem se deparado, nas apresentações, com cantores desconhecidos que “botam no chinelo” muitas figuras consagradas na área do entretenimento. A revelação leva, naturalmente, à suposição de que no mundo musical o talento pode, por vezes, ser sobrepujado, nas exibições em palcos e gravações, por fatores outros que o mero entendimento do leigo não consegue apreender. Sobre o “The Voice” da garotada cabe dizer algo mais: a Record mantém um programa intitulado “Cante comigo”, de características similares, também muitíssimo interessante.
Projetadas em formatação condensada, as novelas da Globo, reunindo time de atores e atrizes de primeira linha, oferecem, a um olhar mais atento, não obstante a profusão de criativos enredos, um sinal característico comum. Há sempre um casamento desfeito na hora da noiva subir para o altar e uma tentativa de homicídio que leva o vilão ao hospital onde a vítima se restabelece com o fito de consumar o crime, mas, eis que na hora H aparece sempre uma situação que impede o ato.
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