Mulheres na política
A importância de incentivar as meninas a ter ambições políticas
A maioria das pessoas pensa que “ser político” é só quando se está candidato em uma eleição para cargo público ou inserido em um partido político. Isso é política partidária. Mas a verdade é que sempre que estamos envolvidos em trabalhos sociais, comunitários, cooperativos, agremiações ou qualquer outra atividade em prol de um grupo, estamos fazendo uma ação política. Ou seja, basicamente o ser humano já nasce político.
Estar em comunidade nos fortalece e nos permite desenvolver ações importantes para a sociedade.
Especificamente a participação em entidades de classe pode nos levar à liderança e ao protagonismo, quando nos tornamos partícipes dessa comunidade profissional.
Dessa forma, seria natural que a participação feminina fosse proporcional à população. Mas surpreendentemente não é. Hoje, temos apenas 9% de mulheres em cargos eletivos. Mesmo com a legislação determinando cota de 30% para candidaturas femininas, temos apenas 77 deputadas e 12 senadoras.
As respostas para esse desequilíbrio são muitas, e passam, claro, pelas questões históricas do posicionamento social da mulher. Entretanto, dado o nível de igualdade que já alcançamos, causa surpresa tamanha distorção.
A verdade é que a maior dificuldade tem sido convencer mulheres interessantes, inteligentes, éticas, engajadas a entrar para a política. Seja a partidária, seja a comunitária de qualquer natureza.
O arcabouço de ações que culminam em uma eleição ainda é desgastante, para não dizer, desinteressante, para a maioria das mulheres.
Precisamos mudar isso!
Precisamos instruir, treinar, incentivar nossas mulheres a se arriscarem no mundo político. Mostrar para nossas meninas, logo cedo, que para ter voz é preciso levantá-la. Soltar o verbo! Se expor, encontrar parceiros de ideias, montar times! Fazer política!
Felizmente, na classe contábil temos tido exemplos constantes de atuação feminina. Na gestão passada, éramos sete presidentes no sistema CFC/CRCs e agora somos 10! Devemos trabalhar para continuar crescendo esse número até atingirmos o equilíbrio.
Por muitos anos, participando do plenário do CRCMG, me indignava o número acanhado de mulheres participando do plenário. Essa indignação me levou a querer fazer mais.
Cheguei à presidência como a primeira mulher a ocupar o cargo e trouxe comigo muitas outras profissionais que, assim como eu, amam a contabilidade, preservam a ética e buscam equilíbrio de gênero visando construir pontes e não muros.
A pluralidade de vozes nos espaços de decisão fortalece a democracia. E será a soma de forças femininas que dará musculatura a esse movimento. As forças que nos permitem acreditar, sonhar, realizar ou mesmo recomeçar quando necessário.
Há uma frase de icônica de Simone de Beauvoir(escritora, ativista política e feminista francesa), que traduz bem nosso momento:
“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separa do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”
Eu completaria a frase: o trabalho e a paixão! No meu caso, a paixão veio pela indignação, essa foi a força motivadora para avançar na política. Precisamos procurar identificar outras motivações que possam seduzir e apaixonar mais mulheres a se disporem a trabalhar por suas classes profissionais, por suas cidades, estados, enfim: pelo nosso País.
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