Não é o que parece

Adriana Aparecida de Oliveira Rezende*
“Homens Imprudentemente Poéticos” (2016, editora Biblioteca Azul) é um apanhado de impressões, com viés de ficção, de Valter Hugo Mãe, que foi recolhido no Japão e revela muito da cultura asiática, em sua riqueza de afetividade que brota no deserto de recursos.
Hoje muito viceja o espírito de expansão pelo planeta, onde tímidos e amedrontados países do Ocidente se veem inválidos por signos que não significam para o imaginário consolidado em comunidades, cidades e sociedades que mínguam por mera falta de recursos diante de engenhosas brutalidades e intervenções grosseiras e desestruturantes.
Ao latino que permaneceu atento, pouco surpreende esse caminho das pedras. Senão, vejamos: Portugal invadiu o Japão, que desconhecia as armas de fogo. Com o sacrifício de alguns samurais, o Japão imediatamente se apropriou delas, desmontando e aprimorando-as, pondo em fuga alucinada os sobreviventes lusitanos.
Enquanto transações peculiares exibiam a exuberante floresta amazônica, criou-se a Zona Franca de Manaus, onde ingênuos técnicos asiáticos, pretendendo escapar da sanha tarifária, descuidaram que ali muitos eletroeletrônicos eram desmontados, varridos e testados, tal e qual por eles lecionados.
De maneira que não se trata de um Eldorado de criminosos que o cinema quer fazer parecer, esse continente chamado Brasil. Menos ainda um terreno fértil para ditadores acéfalos da América Latina.
Em sombras insuspeitadas, cérebros latino-americanos gargalham de fórmulas ultrapassadas de extermínio. Aqui também se pensa, ainda que sob ícones culturais cujo espírito sopra respostas, em sepulturas profanadas. A floresta amazônica não é Monte Fuji. Cidades silentes não serão a Cidade Proibida, onde Mao construiu esse império feito de papelão em contêineres.
*Pedagoga
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