Necessidade de respondermos a discussões climáticas

Em agosto deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um relatório que trouxe números alarmantes em relação ao tema, reforçando que o aquecimento de 1,5°C a 2°C será ultrapassado ainda nas próximas décadas se não houver forte e profunda redução nas emissões de CO² e outros gases de efeito estufa. Esses são dados que trazem ainda mais expectativas à COP 26, que está acontecendo em Glasgow, na Escócia. A 26ª Conferência das Partes é o primeiro encontro de revisão das contribuições dos países para redução da temperatura em 1,5°C desde o Acordo do Clima de Paris em 2015.
As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças que enfrentamos como sociedade, pois além dos riscos iminentes, demonstram o nosso fracasso sistêmico como humanidade em compreender um problema que é coletivo e precisa ser enfrentado de maneira eficaz se quisermos ter um planeta para as próximas gerações. Os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados e a tendência é que isso piore se nada for feito. Esse alerta não é algo novo para a sociedade. Desde que essas discussões começaram, na Conferência de Estocolmo em 1972, os problemas ambientais já eram pauta, em uma população de 4 bilhões de pessoas e com impacto crescente em relação ao carbono. Com o passar dos anos, na ECO 92, por exemplo, a pauta climática aumentou e culminou no Protocolo de Kyoto em 1997, que reforçou o compromisso dos países sobre a sua atuação climática e redução de emissão de gases do efeito estufa. Porém, aqui estamos, quase 50 anos depois, e o problema continua (e aumenta).
Esse é um apontamento comum nas grandes conferências globais. Bons discursos, boas promessas e uma dificuldade em se colocar ações em prática. As nações e países, apesar da necessidade em promover as mudanças para garantir o bem estar da população e futuro da humanidade, muitas vezes falham em fazer isso acontecer. E isso não é um direcionamento de culpa. Nesse momento, é necessário partir para a ação efetivamente de maneira colaborativa. Os primeiros dias de COP 26 sinalizam um pouco desse olhar para a mudança. A postura dos líderes mundiais estão mais voltadas para a prática e aumento das ambições. Um dos primeiros discursos em Glasgow, realizado pelo Príncipe Charles, trouxe a tônica de que temos uma última chance de transformar palavras em ações concretas e que o nosso futuro depende dessas ações. O presidente Joe Biden, que logo após assumir o cargo colocou os Estados Unidos de volta ao Acordo de Paris, fez a “meia culpa” dos Estados Unidos como um dos grandes responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa e anunciou investimentos financeiros bilionários em medidas de combate ao aquecimento global, além da criação dos green jobs, que já faziam parte do seu plano de governo.
Por outro lado, existe um grande panorama de oportunidades para as empresas. Além dos governos, vemos uma sinalização positiva do mercado financeiro em investir em soluções sustentáveis, além da crescente pressão da sociedade. As organizações podem se aproveitar disso para criar novos produtos e serviços condizentes a esses novos tempos. Além disso, nos próximos dias vamos ver mais compromissos dos governos e com maior pressão para a prestação de contas e transparência em relação às metas. O Brasil tem aqui um longo caminho para seguir e aproveitar esse momento para gerar riqueza para o País no mercado de carbono. O primeiro ponto é garantir essa transparência e recuperar a confiança internacional. Como cidadãos é importante assumirmos o papel de agentes fiscalizadores dessas metas a nível global, além de sermos conscientes em nossas escolhas do dia a dia. É hora de todos os agentes da sociedade assumirem as suas responsabilidades em relação a uma transição climática.
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