Opinião

O agronegócio abastece, exporta e importa

O agronegócio abastece, exporta e importa
Crédito: Divulgação

Benjamin Salles Duarte*

Em 2022, o agronegócio brasileiro exportou US$ 159,09 bilhões e havendo um saldo positivo de US$ 141,6 bilhões, mas importando de janeiro a dezembro de 2022 a soma de US$ 17,50 bilhões, pois, também quem compra quer vender na lógica dos mercados, e não ocorrendo desabastecimento interno.

Portanto, padece de fundamento a hipótese de que o Brasil estaria exportando demais os alimentos produzidos de origem animal e vegetal, encarecendo-os internamente, embora graves fatores climáticos adversos poderiam afetar as safras de grãos, cereais e oleaginosas, a depender da duração e dimensão geográficas desses eventos naturais e recorrentes.

Essas perdas podem somar bilhões de reais em nível de campo agregadas num custo considerável para produzir, e não sendo possível vender no mercado o que não foi colhido ou duplo prejuízo. Além disso, a relação produção x consumo é pendular acrescentando a elevada carga tributária diversificada e exigindo distribuição da renda per capta brasileira.

O 5º Levantamento da Conab estima a safra de grãos 22/23 em 310,6 milhões de toneladas, que seriam suficientes para uma disponibilidade de grãos per capita de 500 kg/ano (FAO), e ainda abastecendo 621,2 milhões de habitantes, sendo que a população brasileira foi estimada em 214,2 milhões em 2022, a depender dos resultados do Censo Demográfico 2022 (IBGE).

Podem-se alinhar muitos exemplos mensuráveis e concretos, derivados de pesquisas públicas e privadas. Em 2021, o consumo aparente de carne bovina no mercado interno foi de 75,6 % da oferta total; carne de frango, 67,8%; carne suína, 77,3%; ovos de galinha, 99,5%; leite e derivados, 99,6%; produtos hortícolas e frutícolas, 80%, embora perecíveis; batata in natura e processada, 100%; somos autossuficientes na oferta de feijão e arroz. Os cinco maiores produtores de feijão total e considerando as três safras são; Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia. Entretanto, exportar também é o que importa, sendo relevante às reservas cambiais do Brasil (Conab, IBGE, Mapa, Emater-MG, Avimig, Deral-PR).

Num conjunto de projetos socioeconômicos governamentais e privados emergem também as políticas agrícolas direcionadas para os produtores familiares, médios e empresários do agronegócio brasileiro, que passam também por Minas Gerais, bastando lembrar que o Plano Safra 21/22 foi no montante de R$ 251,2 bilhões, e o de 22/23, R$ 340,8 bilhões, basicamente para custeios, comercialização e investimentos.

Apenas para efeito comparativo e não analítico, o superávit nas exportações do agro brasileiro em 2022 de US$ 141,6 bilhões, considerando o dólar médio comercial do ano passado, soma R$ 747,36 bilhões ou 2,97 vezes maior que o montante do Plano Safra 21/22 de R$ 251,2 bilhões. O Brasil é o 3º maior produtor agrícola do mundo!

Além disso, sem considerar os financiamentos dos bancos privados, podem-se aferir os volumosos recursos financeiros girando nas regiões produtoras, principalmente no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, e indispensáveis à adoção de inovações tecnológicas nas culturas e criações no Brasil, e fundamentais às economias, agroindústrias, oferta de alimentos, energia e produtos florestais, sendo a agropecuária baseda segurança alimentar. Em 2023, há boas perspectivas para o agro brasileiro!

Os programas sociais devem aumentar o consumo de alimentos em 2023, incluindo-se o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Mas, noutra vertente, quem empresta ao agro quer receber, o que também dependerá diretamente da lucratividade dos produtores rurais nas artes de plantar e criar. O agronegócio brasileiro gera milhões de empregos diretos e indiretos, campo e cidades, e exigindo muita “Ciência & Tecnologia” compartilhada e adoção crescente de boas práticas sustentáveis, que reduzem a dilapidação dos recursos naturais!

No mundo, o número de famintos aumentou de 811 milhões para 828 milhões entre 2021 e 2022, sendo que 193 milhões enfrentam “fome severa” (IGF/FA0); no Brasil, 33,1 milhões de brasileiros passam fome, segundo o IBGE.

*Engenheiro agrônomo

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