O amigo que nos deixou

Cesar Vanucci*
“Cada qual tem seu dia marcado”. (Virgílio)
Disse Camões: “As pessoas não morrem, partem primeiro”. Disse Richard Bach: “Existe um jeito simples de saber se está cumprida a missão de alguém. Se está vivo não está.” O que nem o poeta, nem o pensador disseram é que, na fase outonal da vida, a gente descobre, de súbito, que vai se tornando frequente a “partida primeiro”, bem cumprida a missão, de um punhado de amigos diletos. A lista dessas separações envoltas em saudade acaba de ser acrescida do nome de Silviano Cançado Azevedo, companheiro de jornadas memoráveis.
Cidadão de bem, engenheiro culto e capaz, dono de irradiante simpatia, este construtor do progresso deixou pegadas cintilantes em trilhas percorridas no rumo do desenvolvimento econômico e prosperidade social. Causa por ele perseguida com benfazeja obsessão. Desempenhou, com zelo e competência, funções executivas nas áreas pública e privada.
O BDMG, a Secretaria de Estado da Indústria e Comércio e a Companhia de Distritos Industriais guardam, em seus acervos, anotações exuberantes de atos e decisões brotados de seu labor, talento e inventividade. Trabalhamos juntos, por longo espaço de tempo, no Sistema Fiemg. Eu, como Superintendente-Geral; ele, como dinâmico coordenador do Conselho de Estudos Econômicos e, noutro período, como Superintendente de Cultura do Sesi.
A parceria rendeu frutos compensadores. Silviano passava para os colegas, continuamente, lições de vida impregnadas de otimismo. Sua crença em valores caros ao sentimento de brasilidade e ao sentimento comunitário era bem arraigada. Ele foi uma dessas criaturas raras, desprendidas e leais, que, antes de tudo mais, costumam encarar o trabalho, executado com afinco, espírito público e sensibilidade social, como recompensa do próprio trabalho.
- No dia em que o Brasil chegou a cem mil mortos pelo Covid, sem qualquer sinal no ar de que a pandemia está se aproximando do fim. Num suplemento publicado sobre o flagelo, o jornal “Folha de S.Paulo” publicou, na primeira página, um poema de forte simbolismo. O texto é de autoria de W.H.Auden, traduzido por João Mostazo. Intitula-se “Blues fúnebre”. Tomo a liberdade de reproduzi-lo. “Parem os relógios, desliguem o telefone, / calem com um osso o cão que está com fome, / fechem o piano, abafem os tambores / para o caixão passar, cortejo e flores.// Deixem o avião rodar no céu / riscando esta palavra no ar: morreu. / Que a pomba use uma fita de amuleto/ e o guarda tire a farda e vista preto. // Morreu. Era meu norte, era meu leste, / meu sul, meu sol, minha noite, meu oeste. / Meu canto, meu descanso, minha canção. / O amor era pra sempre, que ilusão. // Apaguem as estrelas, não servem de farol. / A Lua, guardem, que derreta o Sol. / O mar, recolham, varram as florestas / que nada me consola uma hora destas.”
Vez do leitor. Mário Barros comenta o artigo “Falando de gripe comum”: “Cumprimentos pelas considerações a respeito dos fatos presentes no cotidiano.” A propósito do mesmo artigo, a escritora Avelina Noronha registra: “Gosto muito de sua lucidez e desassombro”. Também o jornalista Amaury Teixeira Machado anota impressões sobre o artigo aludido: “Falar o quê? Que a cada capítulo, você está se sobrepujando? Muito bom. Já repassei para alguns amigos e parentes.”
O artigo “Carga pesada” levou o jornalista Orlando Almeida a dirigir-me a mensagem seguinte: “Magnífico artigo sobre um tema que produz mais estrago, no bolso e na saúde, do que a gripe: os remédios, originais ou genéricos, que abarrotam as prateleiras das farmácias de todo o planeta. Melhor seria se pudéssemos tratar todos os nossos males com ervas e plantas medicinais de nossa Amazônia.”
A acadêmica Alice Spindola acerca do texto “Depois do amanhã”, assinala o seguinte: “Chego a conclusão que o Brasil é ingovernável. Ainda mais: o mundo está comprometido, somos gafanhotos. Minha querida avó, que viveu cem anos, diria – ‘é o fim dos tempos’. Continue, Cesar, como você é.”
A recente série, aqui estampada, sobre a vida e obra de Juscelino Kubitschek de Oliveira, suscitou de Jonas Damas e Elfrida Paganese a manifestação abaixo reproduzida: “Excelente trabalho. O inesquecível JK foi um verdadeiro estadista. Na vida pública de nosso país não houve ninguém que a ele se igualasse.”
*Jornalista ([email protected])
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