Opinião

O básico do básico

O básico do básico
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A passagem, na segunda-feira (5), do Dia Mundial do Meio Ambiente serviu, em boa parte do planeta, Brasil inclusive, para avaliações acerca da extensão dos danos ambientais e suas consequências. Uma realidade amplamente conhecida, com riscos que podem chegar ao extremo, e num horizonte de tempo relativamente curto, da extinção da vida tal como a conhecemos. Tema, ou preocupação, sobre o qual parece haver ampla concordância, ainda que não coerência quanto ao impulso de ações há muito reclamadas. Sim, existem mudanças a comemorar, principalmente uma visão mais nítida do que se passa e do que pode vir a acontecer, mas falta empenho, disposição mais verdadeira para fazer o que deve ser feito.

No Brasil, em que o centro das atenções está voltado para a preservação da floresta Amazônica e, mais amplamente, da cobertura vegetal, chama atenção e é igualmente premente a questão do saneamento básico e do acesso a água potável, que continua sendo, para quase metade da população, algo como uma miragem, um oásis bem distante da realidade. Como se as autoridades públicas não soubessem que cada real investido nessa área implica em R$ 10 na economia, na área de saúde pública, de valor dez vezes superior. Uma conta elementar mas que ainda assim continua sendo deixada de lado.

Quanto à água, em situação global de escassez crescente, chamam atenção os dados relativos ao País, em que continua sobressaindo o desperdício. Captar, tratar e distribuir água potável custa caro, demandando grandes e constantes investimentos. Todo mundo sabe disso, aí incluídos os que supõem que soluções abrangentes e duradouras dependem da substituição de concessionárias públicas pelo setor privado. Água e esgoto, ao lado de alimentos, representam o básico do básico, direito universal, sem espaço aceitável para que se transformem em fontes de remuneração de capitais e geração de lucros.

Nada, enfim, que possa ser aceito como razoável, o que também se repete diante do anúncio, também feito na segunda-feira, de que pelo menos 65%, na média, da água tratada no País se perde antes de chegar ao seu destino. Algo ainda mais absurdo para quem sabe também que a informação não representa nenhuma novidade, não pelo menos das crises hídricas que o País conheceu faz ainda muito pouco tempo. São dados que podem significar descaso ou incompetência, mas igualmente apontam na direção de possibilidades.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Havendo empenho será possível fazer melhor, bem melhor, assim possibilitando que milhões de brasileiros recuperem a dignidade, para não dizer melhores chances de continuarem vivos.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas