O café brasileiro continua firme e forte – II
Nesse avançar da história, a cafeicultura entrou na Zona da Mata mineira através do chamado “Caminho novo,” criado para o transporte do ouro das Gerais para o Rio de Janeiro e trazendo de volta, no lombo das mulas, sementes de café para plantios.
Entretanto, há registros de que as fazendas mineiras instaladas próximas à fronteira com o Rio de Janeiro, como nos municípios de Matias Barbosa, Mar de Espanha, Além Paraíba e Rio Preto estimularam a expansão da cafeicultura na Zona da Mata, sendo que chegou em 1828 em Juiz de Fora e Leopoldina, e em Cataguases e Ubá por volta de 1848.
Da década de 1840 até o ano de 1926, a Zona da Mata foi responsável em média por 83,2% da produção de café em Minas Gerais, sendo, à época, a região mais rica do Estado!
Além disso, registre-se historicamente que a cultura do café chegou ao Sul de Minas através das famílias pioneiras Carvalho Dias, Bastos, Junqueira e Barros Cobra, e no início do século XX já dinamizavam as economias de Guaxupé, Varginha, Poços de Caldas, São Sebastião do Paraiso, Cabo Verde, São Sebastião do Grama, Três Corações, Alfenas e Lavras.
A pesquisa de Marcos Lobato Martins (FIH-UFVJM); “A marcha do café no Sul de Minas, décadas de 1880-1920,” abriga valiosos cenários produtivos, sociais e econômicos nos municípios de Alfenas, Guaxupé, Machado e Três Pontas.
Hoje, segundo a Emater-MG (Seapa), as regiões mineiras produtoras de café são: Matas de Minas, Sul de Minas, Cerrado e Chapada de Minas, destacando-se o Certifica Minas Café, Circuito do Café, e os Concursos Regionais de Qualidade, que reúnem 1.600 propriedades cafeeiras selecionadas e auditadas no Estado, entre outros eventos técnicos regionais ligados à cultura e promovidos pela assistência técnica e extensão rural, e somando outras parcerias governamentais e não governamentais.
Aqui não se abordam Lucros & Perdas numa considerável série histórica sobre o café em Minas Gerais e no Brasil.
Segundo a Conab-3º Levantamento, a safra brasileira de café 21/22 tem o seguinte cenário de ofertas; Brasil, 50,38 milhões de sacas beneficiadas (arábica + conilon), sendo Minas Gerais, com 22,03 milhões de sacas, líder no Brasil. O Sudeste brasileiro ofertou 42,79 milhões de sacas totais, incluindo-se Minas Gerais, embora o Espírito Santo tenha o 1º lugar na oferta de café conilon (68%).
E mais, na produção de café beneficiado, sacas de 60 quilos, em nível nacional, emergem; Norte, com 2,87 milhões de sacas; Nordeste, 3,56 milhões; Centro-Oeste, 507,9 mil sacas; Sudeste, 42,79 milhões; e Sul, com 558,4 mil sacas; e outros, 74,4 mil sacas. Em Minas Gerais, as 22,03 milhões de sacas colhidas foram assim distribuídas; Sul e Centro-Oeste, 9,76 milhões de sacas; Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, 4,21 milhões; Zona da Mata, Rio Doce e Central, 7,25 milhões, com predomínio da Zona da Mata; e Norte, Jequitinhonha e Mucuri, com 803,9 mil sacas beneficiadas.
A cafeicultura brasileira ainda promove 8,4 milhões de empregos diretos e indiretos em 1.900 municípios (CNC), sendo 463 em Minas Gerais. Os cinco municípios mineiros maiores produtores de café, safra 21/22, são; Patrocínio, Manhuaçu, Serra do Salitre, Araguari e Monte Carmelo, segundo a Emater-MG.
De janeiro a setembro de 2022, as exportações mineiras do agronegócio somaram US$ 11,5 bilhões, sendo que o café respondeu por 42,9% ou US$ 4,93 bilhões. Minas Gerais é o maior produtor de café arábica e responde ainda por 70% das exportações (Seapa).
Estimo que o valor bruto da produção mineira de café superou R$ 22 bilhões (21/22), contudo, a reduzir o custo médio de uma saca beneficiada nas regiões produtoras e movimentando as respectivas economias regionais.
Assinale-se que “O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café” (Mapa/Embrapa/Emater-MG/Epamig/UFV/Ufla); entre outros membros, é único no mundo; e relembrando também “A Caracterização da Cafeicultura de Montanha de Minas Gerais-2010 (Inaes/Faemg/Fapemig)”; valiosa e estratégica memória do tempo.
A cafeicultura assumiu um papel fundamental no processo de industrialização urbana e nas exportações do Brasil, desde 1850, e continua firme e forte na agro economia. Entretanto, numa perspectiva de tempo; mercados interno e externo, pesquisas agronômicas, tecnologias, cafeicultores, agroindústrias, gestão das inovações, políticas agrícolas, plataformas digitais, sustentabilidade e padrão de qualidade definirão os rumos da cafeicultura; de cada 3 xícaras de café consumidas no mundo, uma é brasileira (OIC).
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