Opinião

O capitalismo de stakeholders estimula a inovação

O capitalismo de stakeholders estimula a inovação

Orientação para stakeholders é um dos quatro pilares do Capitalismo Consciente, além de propósito maior, cultura consciente e liderança consciente. Mas como as empresas podem ir além da primazia dos acionistas para gerar valor a todos os stakeholders com vistas à construção de um futuro mais justo e sustentável? Torna-se necessário que as empresas incorporem os valores do capitalismo de stakeholders em suas estratégias, tirando a ênfase do foco estreito, entrincheirado no lucro e no valor apenas para o acionista, e olhe para o quadro mais amplo do valor da empresa na sociedade.

O poder do capitalismo de stakeholders é a inovação a que ele leva. Isso porque permite que as empresas descubram aspectos que seus concorrentes negligenciaram, novas formas de fazer negócios e de se relacionar com os colaboradores, novos produtos para clientes, novos mercados nos quais tradicionalmente as empresas não prestavam atenção.

Por exemplo, a Enel, multinacional italiana que atua no ramo de geração e distribuição de eletricidade, desempenha papel de liderança no desenvolvimento de fontes renováveis de energia, sendo o maior operador de energia solar e eólica do Brasil. A empresa tornou o seu modelo de negócio sustentável em toda a cadeia de valor, garantindo que a sustentabilidade abranja diversos contextos geográficos, econômicos e sociais. Seu propósito é “Open Power para enfrentar os desafios globais”, significando abrir o acesso à energia a mais pessoas; abrir o universo da energia às novas tecnologias; abrir novas formas de gestão da energia; abrir novos usos da energia; e abrir mais parcerias.

O grupo está comprometido com a inovação e a sustentabilidade, mas está consciente que nenhuma empresa consegue desenvolver tudo sozinha: ela precisa contar com seus stakeholders – clientes, colaboradores, fornecedores, acionistas, órgãos reguladores, sociedade, meio-ambiente – para se manter em linha com os mais recentes desenvolvimentos globais, gerando valor para todos de forma cada vez mais completa e transparente. Também sabe que, ao tentar encontrar ótimas novas ideias, as startups são o melhor lugar onde procurar. E aí, o Open Innovation, ou Inovação Aberta, representa uma mudança na forma de desenvolver soluções e de fazer negócios.

A ideia central do Open Innovation é romper com o pensamento tradicional e rígido de que a pesquisa e o desenvolvimento precisam ser mantidos apenas dentro da empresa, e que as novas tecnologias só poderiam ser pensadas e implementadas por quem participa desse dia a dia. O Open Innovation se baseia em conceitos de compartilhamento de propriedade intelectual, busca conjunta de soluções, incentivo ao potencial criativo fora das quatro paredes de uma empresa, busca de profissionais externos.

A Enel decidiu abrir uma série de Hubs de Inovação em todo o mundo. Trata-se de espaços físicos nos quais as startups podem apresentar seus projetos aos agentes de inovação e entre si, participando de mentorias e de rodadas de captação financeira, com vistas a gerar crescimento exponencial. Em pouco mais de dois anos, a rede da Enel se estendeu para nove Hubs de Inovação, alguns deles em ecossistemas que são sinônimo de inovação e outros em áreas onde há forte presença comercial. Também abriu três Hub&Labs, onde inovação e pesquisa estão interligadas em áreas como energias renováveis, tecnologias de rede e infraestrutura. Cerca de 12 mil startups já contataram os Hubs de Inovação da Enel, que já colocou aproximadamente 500 projetos em andamento, mais de 115 dos quais já em fase de comercialização.

A Enel também disponibilizou a plataforma de crowdsourcing Open Innovability®. Trata-se de um modelo de produção que se utiliza de conhecimentos coletivos e voluntários para solucionar problemas, desenvolver novas tecnologias, criar conteúdo ou prover serviços. Até agora, a plataforma alcançou uma comunidade de 500 mil membros de mais de 100 países, que propuseram mais de 7 mil soluções.

Inovação e sustentabilidade são fundamentais e interdependentes: a sustentabilidade requer inovação contínua e, para que a inovação seja genuinamente útil, ela deve ser sustentável. O objetivo da Enel ao seguir essa estratégia é criar o melhor ecossistema de inovação energética possível, engajando seus stakeholders para impulsionar a transição do setor de energia em torno de um propósito maior, gerando cada vez mais valor para eles.

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