O comerciante merece

Marcelo de Souza e Silva*
Acredito muito em uma das teses do grande filósofo Mário Sérgio Cortella, quando ele diz que o pessimista é um “vagabundo”. Pode parecer meio forte a definição, mas ele defende sua tese afirmando que “é muito fácil ver uma situação difícil e dizer que não vai dar certo. Difícil é se mexer para mudar isso”.
Concordo em gênero, número e grau. E se existe alguém que jamais pode se deixar contaminar pelo pessimismo é o comerciante. A palavra pessimismo não pode existir no dicionário de quem precisa enfrentar desafios todos os dias. Desde quando abre suas portas até o final do expediente, cumprindo a árdua tarefa de “matar um leão por dia”. Neste 16 de julho, Dia do Comerciante, tenho muitas razões para ser ainda mais otimista. Não apenas como fator motivacional para a nossa classe, mas embasado em fatos concretos.
Em primeiro lugar, o comerciante de hoje está muito mais preparado. O comércio foi o setor mais impactado pela pandemia. E não foi somente nos momentos críticos de fechamentos. A pandemia nos obrigou a trocar o pneu com o carro em movimento. Trouxe novas relações de trabalho, acelerou as transformações tecnológicas e estabeleceu novos padrões de relacionamento com os clientes. Na pandemia, o cliente não batia na porta da loja. Ele precisava ser conquistado dentro da casa dele.
O cenário macroeconômico também permite uma boa dose de otimismo. O índice de desemprego permanece em queda. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), atingiu 8,3% em junho. É o melhor resultado para a taxa de desemprego desde 2015. A deflação de 0,08%, registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo no mês de junho, já permite prever a possibilidade de uma inflação para o ano dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Tudo indica que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, prevista para o início de agosto, haja uma queda da taxa Selic, uma reivindicação unânime na sociedade.
Nesta semana, pesquisa da Genial/Quaest mostrou que o antes desconfiado mercado financeiro está otimista com os rumos da política econômica do governo. No plano local, ainda nesta semana, levantamento realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) mostrou que os belo-horizontinos estão devendo menos que o restante do País. Segundo pesquisa com base nos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a variação anual da capital mineira (5,48%) é menor que a nacional (7,64%) e a da região Sudeste (6,78%).
Quem está inadimplente vai ter uma grande oportunidade de voltar ao mercado de consumo com o Desenrola Brasil, programa do governo federal. As famílias poderão negociar as dívidas que mais apertam o orçamento, como contas de água e luz, educação, cartões de crédito e boletos. A estimativa do Ministério da Fazenda é que 70 milhões de pessoas sejam beneficiadas pelo programa.
Além de todos estes fatores, o segundo semestre tem mais quatro importantes datas comemorativas: Dia dos Pais, Crianças, Black Friday e Natal. Portanto, longe de mim querer ser um animador de torcida. Falo em otimismo diante de fatos concretos que estão compondo o momento vivido pela nossa economia.
Tudo leva a crer que chegaremos ao final de 2023 com um cenário ainda melhor do que o atual.
Por último, quero aqui reafirmar o compromisso da CDL/BH e do Sebrae Minas, instituições que tenho a honra e a satisfação de presidir, de aprofundar ainda mais as parcerias para estarmos cada vez mais próximos de quem empreende. Afinal, o comerciante merece. Ele tem enfrentado muitas chuvas e trovoadas. Está na hora de viver tempos de bonança.
*Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH)
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