Opinião

O Distrito Industrial de Rio Pomba (II)

O Distrito Industrial de Rio Pomba (II)

José Eloy dos Santos Cardoso*

Depois de combinar os primeiros detalhes e intenções de construir em Rio Pomba um distrito industrial, o então prefeito municipal, Antônio Fernando Fernandes Caiafa, foi a Belo Horizonte assinar o termo de compromisso entre as partes. No livro editado e produzido pelo ex-presidente da CDI-MG, Silviano Cançado Azevedo, denominado “Reflexões sobre o desenvolvimento de Minas”, na página 209, ele escreveu: “A CDI-MG, sob a presidência de Celso Mello Azevedo, expandiu e construiu novos distritos, como o de Rio Pomba (José Eloy dos Santos Cardoso). Só cometeu um engano: não foi Celso Azevedo que construiu o DI, mas o presidente na época da assinatura do termo de compromisso entre as partes, era Accácio Ferreira dos Santos Júnior, que convocou os prefeitos regionais para assistir sua palestra em Ubá sobre DIs.

Assinados os compromissos de praxe, a CDI mandou imediatamente uma equipe a Rio Pomba para escolher a área ideal. Dentre 3 outras, foi escolhida aquela que seria o distrito industrial planejado. A prefeitura local demarcou com a ajuda dos técnicos da CDI o perímetro do terreno e suas confrontações. Posteriormente, voltaram para aquele município uma equipe de engenheiros, arquitetos e topógrafos, os quais produziram um anteprojeto da área escolhida. Como nem a prefeitura e nem a CDI eram as proprietárias do terreno, seria necessário proceder as necessárias desapropriações por via judicial. Felizmente, os proprietários, após as avaliações de praxe, concordaram em receber aquilo que a CDI propôs pagar. O terreno era ideal sob todos os aspectos: não estava à montante das captações de água do município para, depois ser tratada e distribuída para a população, era praticamente plano e suas pequenas elevações serviriam para constar como áreas verdes como manda a legislação. Além disso, existia nas proximidades a rede elétrica que iria se religar no transformador do DI. Tudo estava então favorável a essa obra que veio acontecer.

Como um dos responsáveis pela elaboração do orçamento anual da CDI, tive sempre o cuidado de observar que as solicitações de recursos próprios a serem encaminhadas à Secretaria de Estado de Planejamento estivessem totalmente dentro do Planejamento de Realizações do Estado que, depois de decidido e aprovado, seria encaminhado à Assembleia Legislativa, onde, finalmente, os deputados poderiam acrescentar, retirar ou substituir um município por outro de interesse de parlamentares.

Aprovado o orçamento geral do Estado pela Assembleia Legislativa, a CDI ainda teria que enviar uma correspondência para a Secretaria da Fazenda que, dependendo da existência ou não de dinheiro, poderia ou não atender ao pedido de qualquer organismo mineiro. O ofício da CDI era então levado ao governador da época Newton Cardoso. No caso deste DI, ele, de próprio punho, escreveu: “de acordo, se houver recursos. Como vieram os recursos que eram destinados a comprar os terrenos, faltariam apenas os projetos e as licitações para as obras. Essas obras foram feitas, na sua maioria, ainda na gestão do prefeito Antônio Fernando. O prefeito que o sucedeu, por motivo de rivalidade política, além de nada fazer para trazer uma boa empresa para se localizar no distrito, ainda dificultava a ida de qualquer empresário a essa cidade para tratar com ele novos investimentos. Em política é sempre assim: se um prefeito tiver grande interesse em desenvolvimento econômico municipal, deixar de ser partidário e possuir uma endogenia desenvolvimentista, tudo ficaria mais fácil. Mesmo assim, quem tiver hoje em dia um interesse de conhecer o DI de Rio Pomba do alto do morro do cemitério municipal para tirar uma foto, ou ir até o DI para conhecer de perto o que foi realizado, ou caminhar dentro do distrito industrial, até hoje sem nome, ficará admirado com tudo que aconteceu por lá. O prefeito Antônio Fernando possui uma pasta exclusiva que conta com toda a história do DI que ele ajudou a construir. O falecido ex-presidente da CDI-MG, Silviano Cançado Azevedo, sempre dizia: “Construir qualquer coisa para beneficiar a coletividade é muito mais importante do que fazer qualquer obra individual”. Edificar qualquer obra só com recursos do governo, por importante que seja e mesmo com apoios políticos e financeiros, não é nada fácil.

*Economista, professor titular da PUC-Minas e jornalista. [email protected]

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