Opinião

O estratégico agronegócio mineiro

O estratégico agronegócio mineiro
Crédito: Divulgação

Benjamin Salles Duarte *

Minas são muitas, no dizer de Guimarães Rosa, médico, militar, romancista e embaixador. E também revela a diversidade de vocações mineiras na agricultura, pecuária de pequenos e grandes animais, horticultura, viticultura, piscicultura em tanque-rede, olivicultura, e no setor de base florestal, sendo exercidas pelos produtores e empresários rurais num verdadeiro e dinâmico mosaico de atividades socioeconômicas e tecnológicas nos sistemas agroalimentares e agroflorestais, o que implica num vigoroso sistema de pesquisa e desenvolvimento.

Aliás, o pesquisador e fundador da Embrapa, Eliseu Alves, faz duas colocações essenciais: A pesquisa é um salto no escuro e O futuro da pesquisa se confunde com o futuro da agricultura.

O território mineiro tem 58,6 milhões de hectares, ou 6,4 vezes maior do que Portugal, e 4,9 vezes superior ao Paraná, dividido em 853 municípios que praticam atividades agropecuárias, em maior ou menor escala, diverso em solos, climas e vocações regionais, bem como abriga considerável biodiversidade e recursos hídricos. São 607.488 estabelecimentos agropecuários, que ocupam uma área de 37,9 milhões de hectares, e onde 19,3 milhões de hectares são pastagens naturais e plantadas.

A internet está acessível em 200.471 desses estabelecimentos ou 33% do universo recenseado (Censo Agropecuário 2017). Um campo também aberto à informação e difusão de boas práticas nas culturas e criações, mas havendo lucratividade ou podem ser descartadas em nível de campo numa perspectiva de tempo!

Além disso, cenários de pesquisas, a ampla diversidade da agropecuária mineira passa também pela oferta de leite e derivados, café, batata, cenoura, moranguinho de mesa, couve e salsinha, lideranças nacionais, bem como no reflorestamento.

E mais, abriga 2º polo brasileiro de horticultura em 130 mil hectares, depois de São Paulo, e a fruticultura explora 140 mil hectares, dos quais 10 mil em formação, ocupando o 4º lugar em nível nacional e gerando, no conjunto, 540 mil empregos diretos nas regiões produtoras (Emater-MG). A avicultura de postura para alimentação humana é a 2ª do País, e a de corte ocupa o 5º lugar (Avimig), e os 3ºs lugares na apicultura e suinocultura (IBGE). Ocupa o 5º lugar na produção de carne bovina, e exibe o 1º lugar na irrigação com pivôs centrais no Brasil.

Em 2018/19, a safra de grãos está estimada em 13,76 milhões de toneladas (Conab-8º Levantamento), sendo ela indispensável à alimentação humana, dos rebanhos, e suportes às agroindústrias que agregam valores adicionais aos produtos agropecuários.

Em 2017, o PIB do agronegócio estadual é de R$ 180,67 bilhões, e o de 2018 somou R$ 189,09 bilhões, (Cepea/Esalq-USP). Entre janeiro e abril de 2019, as exportações do agronegócio mineiro atingiram US$ 2,34 bilhões, ou 30,8% das exportações totais do Estado, logrando um superávit de US$ 2,11 bilhões, e forte predominância do produto café e seus derivados (Seapa).

Esse é o grande e desafiador cenário de demandas, ofertas e oportunidades científicas pertinentes à missão estratégica e pública da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), no que lhe compete, porém, com recursos suficientes, estrutura dinâmica, competências, gestão para resultados, e políticas públicas inovadoras. Para mudar é preciso medir, conhecer e avaliar. Não há mágica no campo, há negócios!

Com esses fundamentos básicos assegurados, continuará cumprindo suas múltiplas funções científicas e tecnológicas geradoras de novos conhecimentos e habilidades, e estimulando as boas práticas compartilhadas, sustentáveis, nos domínios de quem planta, cria, abastece, exporta, preserva e conserva, e emprega recursos humanos. E mais, contribuindo também para o bem-estar social e a segurança alimentar dos 21,1 milhões de mineiros, dos quais 17,9 milhões vivendo nas áreas urbanas, e consumidores de alimentos, tecnologias, produtos e serviços!

Noutro foco indissociável e oportuno, o Balanço Social da Epamig 2017/2018 revela e coloca à disposição do governo, lideranças mineiras, imprensa, produtores rurais, poder político, e da sociedade, nos seus múltiplos eixos temáticos abordados, o que se poderia tentar resumir em: A adoção de 38 tecnologias desenvolvidas e avaliadas pela Epamig resulta em efeitos distintos nos diversos segmentos da produção rural e agroindustrial na convergência das condicionantes econômicas, sociais e ambientais, e somam um valor estimado em R$ 983 milhões de reais em 2018 ou US$ 268,8 milhões.

Entretanto, em 2018, para uma justa avaliação preliminar, o orçamento dessa empresa foi em torno de R$ 90 milhões, podendo-se aceitar que é uma relação custo-benefício saudável e estimulante para investimentos públicos, parcerias privadas, agronegócio, e à qualidade alimentar da sociedade mineira.

Somam-se 154 pesquisadores; 38 publicações técnicas; 247 projetos de pesquisas; 853 colaboradores; e 1.417 eventos técnicos nas diversas regiões geoeconômicas, e compartilhando ciência e tecnologia para fortalecer o produtor e o agronegócio .

Acrescente-se que essas pesquisas e análises conjunturais, contextualizadas, abrangeram os seguintes produtos: abacate, banana, café, cana-de-açúcar, feijão, figo, laticínios, oliveiras (azeitonas), pecuária bovina, peixe, pêssego, soja, umbu, uva e vinho. A Epamig foi fundada em 8 de maio de 1974, e a Ciência e Tecnologia democratizadas por seus pesquisadores, cientistas e comunicadores são uma espécie de janela aberta para o Mundo!

*Engenheiro agrônomo

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