Opinião

O impacto das fintechs no mercado financeiro do Brasil

O impacto das fintechs  no mercado financeiro do Brasil
A cobrança de taxas mais baixas que as praticadas pelos bancos é possibilitada pela redução dos custos devido ao uso da tecnologia - Pixabay

JANGUIÊ DINIZ*

O mercado financeiro brasileiro vem passando por grandes mudanças. Se, antes, um número reduzido de empresas de grande porte dominava o setor, hoje a situação é bem diferente. Com o desenvolvimento das tecnologias e o surgimento das fintechs – startups da área financeira – e dos bancos digitais, a maneira como as pessoas se relacionam com o dinheiro e suas transações está, paulatinamente, se diversificando.

Agora, ninguém precisa mais ficar preso a um banco ou a uma financeira, com seus juros altos e taxas sobre todas as operações. Com essa nova realidade, as fintechs têm se tornado grandes empresas que conseguem competir – embora ainda não em pé de igualdade – com os grandes bancos.

O Banco Central vem, desde 2017, concedendo abertura às fintechs para vários tipos de operações antes feitas apenas pelas instituições financeiras tradicionais. Esse movimento permitiu, por exemplo, que a Nubank, já considerada a fintech mais inovadora da América Latina, e tantas outras, como Neon e Next, passassem a oferecer diversos serviços, desde contas correntes e para recebimento de salário, empréstimos e pagamentos com cartão de crédito.

Um levantamento do Finnovation mostrou que o número de startups que atuam no segmento quase dobrou entre o fim de 2016 e o meio de 2018, chegando a quase 400 delas. Elas oferecem serviços como meios de pagamentos, gestão financeira e empréstimos.

A vantagem primordial das fintechs e dos bancos digitais é que eles conseguem oferecer serviços com preços, taxas e cobranças mais baixos que as instituições financeiras tradicionais. Tudo por conta da tecnologia, que permite às startups trabalhar com uma estrutura menor, total ou parcialmente on-line, sem necessidade de gastos com pessoal e locação de espaços, por exemplo. E ainda trazem a praticidade de o cliente conseguir fazer tudo pelo celular, sem necessidade de ir a uma agência – o que, por si só, já é uma grande vantagem, pois evita gasto de tempo com deslocamento e as grandes filas.

A força das fintechs é tão grande que até mesmo alguns grandes bancos criaram suas startups para oferecer esse novo modelo de serviço aos clientes. O Next, por exemplo, foi criado pelo Bradesco. É uma mudança estrutural marcante nesse mercado que, no Brasil, sempre foi muito dominado por poucas empresas. Essa quebra de paradigma é muito boa para o consumidor, que passa a ter mais opções para escolher, e estimula a competitividade, o que pode fazer com que as companhias que antes dominavam o setor busquem se adaptar a uma nova realidade – e isso significa melhores serviços e menos cobranças.

*Mestre e Doutor em Direito. Fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional – [email protected]

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