Opinião

O x da questão

O x da questão
Crédito: Adobe stock

Cesar Vanucci*

“Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade” (Mário Quintana)

O humanismo, como proclamado por alguém famoso, é nossa própria razão de viver. Cidadãos de boa vontade que se sentem “contemporâneos do futuro” já vislumbram novas clareiras de conhecimento transcendente nos horizontes. O transhumanismo, sob a mira de mentes avançadas no saber, projeta um pouco mais adiante dos tempos de agora, perspectiva alvissareira na marcha civilizatória. Injeta otimismo no estado de espírito das pessoas. Aquece mentes e corações com desbordante esperança.

O transhumanismo chega até mesmo a conceber a imortalidade em futuro não tão distante assim. A imortalidade poderia derivar de experimentações, quem sabe de teor alquímico, entrelaçando a biologia e a moderna tecnologia.

Mas como isso poderá se dar? – indagará por certo alguém entre surpreso e espantado com a afirmação.
Cérebros privilegiados engajados em estudos científicos, situados acima dos padrões hoje aceitos como limite do saber consolidado, acenam com prodigiosa gama de invenções na esteira das assombrosas conquistas técnicas que encantam os chamados tempos modernos. Preconizam eles produtos rejuvenescedores, medicamentos capazes de impedir e debelar por completo as doenças, processos que permitam a regeneração de órgãos de nossa indumentária física, próteses impecáveis de elementos orgânicos, viagens espaciais, carros voadores e por aí vai…

Como asseguram liricamente os poetas, as utopias são essenciais. Inspiram a construção humana. Precisam ser cultivadas. O transhumanismo estimula-nos a sustentá-las.

Mas, até lá, até o advento dessa era de prosperidade endênica, de processo evolutivo admirável, proporcionado pelo trabalho, espírito e inteligência, impõe-se a toda humanidade uma avaliação correta, ampla, geral e irrestrita acerca dos rumos desastrosos trilhados pela sociedade na pátria terrena.
Este chamamento à reflexão e ação abrange as lideranças políticas e de gestão administrativa, pública e privada, cientistas, educadores, intelectuais e gente do povo.

Não fossem o egoísmo, a ganância, a indiferença, maldade, arrogância, a prepotência e outras deformações comportamentais que apequenam a existência, este nosso mundo criado pelo bom Deus poderia ser para todos que o povoam, sem quaisquer exclusões, um verdadeiro paraíso. A tecnologia gerada pela criatividade e capacidade empreendedora em todos os febricitantes setores ocupados pelo labor humano já é mais do que suficiente para garantir condições plenas de conforto e bem-estar em toda a vasta extensão do planeta. Com os recursos que brotam do solo fértil e de todos os instrumentos operados para acudir às necessidades comunitárias, todas as mazelas sociais que agridem a dignidade humana poderiam ser riscadas do mapa da vida.

Tudo isso que acaba de ser exposto conduz à certeza de que os triunfos perseguidos, acalentados pelo sentimento humanista e numa escala à frente pelo transhumanismo jamais poderão ser desfrutados na plenitude da consciência moral, ética, intelectual, social, espiritual, que representa a fonte matricial da prática humanística autêntica.

Desigualdade social, miséria, fome, situação de rua não rimam com humanismo. Solidarismo, sim. Somente com altruísmo é que se conseguirá atingir o “x” da questão social.

*Jornalista([email protected])

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