Opinião

Obsessão de Bolsonaro

Obsessão de Bolsonaro
Crédito: REUTERS/Carla Carniel

Em primeiro de janeiro de 2023 daremos posse ao presidente eleito em outubro de 2022.(Senador Rodrigo Pacheco, Presidente do Congresso, reafirmando sua fé no processo eleitoral)

Nada, nenhum argumento convincente, nenhuma fala ditada pelo bom senso, nenhuma evidência de clareza solar oposta ao seu ponto de vista são de molde a demover Jair Bolsonaro de sua obsessiva e tresloucada disposição de tumultuar a campanha eleitoral, sob a falsa alegação de que o sistema de votação apresta-se a fraudes. Fraudes que, em seu bestunto, estariam sendo articuladas para derrotá-lo. Nem mesmo correligionários da linha de frente de sua campanha pela reeleição têm sido capazes de convencê-lo do posicionamento incorreto por ele assumido. Esse deplorável comportamento do presidente-candidato faz nascer a desagradável sensação de que ele não terá dúvida alguma em recorrer a marota “denúncia de fraude”, para justificar eventual recurso contrário ao resultado das urnas, caso estes lhe sejam desfavoráveis. Os índices sobre intenções de voto apontados nas pesquisas até agora promovidas têm influído, certeiramente, em seu estado de ânimo belicoso.

Enquanto isso, em contraposição ao que Bolsonaro diz, com relação à candente questão, rajadas de manifestações de apoio à Justiça Eleitoral e ao processo eleitoral eletrônico vigorante continuam sendo ouvidas em todos os rincões do território nacional, traduzindo o pensamento democrático majoritário da sociedade.

A cada dia que passa, torna-se mais visível o isolamento a que Bolsonaro se vê relegado na inglória causa abraçada de atribuir à Justiça Eleitoral a culpa antecipada relativa a suposto malogro num pleito a ser ainda realizado.  Não esquecer que a Justiça eleitoral de que se está falando e seu esquema de coleta e apuração de votos é a mesmíssima que coletou e apurou os votos que lhe permitiram chegar ao Poder em 2018, com significativa margem de diferença sobre os demais contendores.

 Escaramuças entre potências nucleares. As grandes potências não podem prescindir, volta e meia, de escaramuças. Elas servem para justificar a canalização de polpudas verbas para aquisição de armamentos, que fazem o permanente regalo do insaciável e ultrapoderoso segmento industrial bélico. Sucede por vezes de as desavenças retóricas escapulirem ao controle dos litigantes, como se viu na Ucrânia nessa estúpida invasão russa. Nesses casos, a diplomacia emprega todos os artifícios disponíveis para arrefecer os ânimos e evitar estrapolações capazes de agravar as tensões.

Vejam o que está acontecendo agora em razão da inesperada e inoportuna visita da presidente da Câmara de Deputados dos Estados Unidos a Twain. Considerando o ato uma provocação, o que chegou a ser também admitido até mesmo por elementos graduados do governo norte-americano, a China produziu um jogo de cena espetaculoso, promovendo exercícios militares para reafirmar que Twain faz parte de seu território. Os Estados Unidos, a seu turno, movimentaram suas forças navais nas imediações da região “conflitada”. E o mundo assistiu assim, sobressaltado, a mais um capítulo das desavenças entre potências nucleares, sabedor de que, adiante, outras escaramuças ocorrerão.

Juros exagerados. Em março de 2021, a taxa de juros Selic estava em 2%. Agora, agosto de 2022, já atingiu a altura everestiana dos 13,75%. Analistas financeiros preveem que alcançará em setembro o índice de 14% e sabe-se lá quanto no final do ano. Sendo das mais altas entre os 20 países detentores de economia mais avantajada, servido de patamar para a prática de juros escorchantes praticados usualmente nas atividades das instituições de crédito, a Selic é um sinal frustrante das fragilidades que prevalecem na vida econômica brasileira. Para aumentar o desassossego da coletividade, o índice da inflação não para de crescer, colocando-nos entre os países com pior desempenho nesse setor.

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