Opinião

ODS: a agenda de um modelo de negócios mais consciente

ODS: a agenda de um modelo de negócios mais consciente

Entre os dias 13 e 27 de setembro, questões urgentes para o planeta estão sendo discutidas por alguns dos principais líderes globais na Assembleia Geral das Nações Unidas, que está sendo realizada na sede da ONU em Nova York. Nesse mesmo período, também em Nova York, o Pacto Global da ONU no Brasil realizará uma série de encontros para debater temas primordiais para o futuro sustentável do país como justiça climática, distribuição de água, equidade de gênero, equidade racial, salário digno, saúde mental, sistema alimentar, favelas, finanças e medidas anticorrupção.

Embora nos últimos duzentos anos a humanidade tenha presenciado importantes avanços, já ficou claro faz tempo que nosso atual modelo econômico possui graves falhas que estão prejudicando de forma significativa a estabilidade a longo prazo e o crescimento que o mundo precisa. Sinais do seu fracasso e imperfeições nos mercados atuais estão por todo o lado e diretamente relacionadas aos riscos globais que o Fórum Econômico Mundial vem mapeando nos últimos dezessete anos.  Em 2022, dentre os riscos considerados mais graves estão clima extremo, perda da biodiversidade, erosão da coesão social, crise dos meios de subsistência, doenças infecciosas, confronto geoeconômico, dano ambiental humano e crise da dívida.

Em 2015, com a intenção de combater os problemas sociais, econômicos e ambientais mais proeminentes no mundo a ONU instituiu os ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os dezessete ODS compõem uma agenda mundial para a implementação de novas práticas empresariais e de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030 e são resultado de profundos estudos de especialistas e autoridades em diversas áreas. Logo após a instituição dos ODS foi formada a Business and Sustainable Development Comission (Comissão para Negócios e Desenvolvimento Sustentável), integrada por lideranças de negócios e representantes da sociedade civil, com o objetivo de propor os ajustes necessários para o surgimento de um novo modelo de negócios que leve em consideração os ODS como base para a elaboração de um plano de ação que possibilite a transformação necessária no mundo. Em 2017 a Comissão divulgou o relatório “Better Business, Better World”, enfatizando a importância de abraçarmos um modelo que não só é baixo em carbono e ambientalmente sustentável, mas que também represente oportunidades de negócios para empresas conscientes de seu papel.

Ainda de acordo com o relatório da comissão os ODS representam uma nova perspectiva para converter as necessidades e demandas da sociedade em soluções empresariais. Estas soluções permitirão as empresas gerenciar de uma melhor forma os respectivos riscos, prever a demanda do consumidor, construir posições em mercados em expansão, garantir o acesso a recursos necessários e reforçar as respectivas cadeias de fornecimento, ao mesmo tempo que farão o mundo avançar em direção a mais prosperidade para todos. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável têm o potencial de desencadear a inovação, o crescimento econômico e o desenvolvimento a uma escala sem precedentes e podem ser avaliados, no mínimo, em 12 trilhões de dólares por ano em oportunidades de mercado, e de gerar até 380 milhões de novos empregos até 2030.

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Mas nada disso será possível se não houver uma profunda transformação nos valores e na cultura em que se baseiam os negócios e que são o reflexo dos valores e da nossa cultura como sociedade. A ideia de que o propósito das empresas é sempre maximizar o lucro para os investidores vem de uma visão estreita da natureza humana e de uma inadequada explicação da causa do sucesso nos negócios. É claro que negócios devem gerar lucro, mas ao estudarmos a história de empresas muito bem sucedidas podemos notar que o resultado financeiro é uma das medidas do sucesso, mas não a única e nunca será o propósito da existência destas empresas.

Como afirmou o Ed Freeman, professor de ética nos negócios e autor da teoria dos stakeholders, “negócios não a tem a ver com fazer o máximo dinheiro possível. Têm a ver com a criação de valor para as partes interessadas.”

Estamos vivendo um momento crucial para a humanidade e uma oportunidade única para os negócios se reinventarem como agentes de criação e colaboração criando múltiplos tipos de valor em tudo o que fazem. Para isso é necessário elevarmos nossa consciência e fazermos escolhas deliberadas que possibilitem nosso crescimento e desenvolvimento como pessoas e organizações.

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