Opinião

Os candidatos e as rejeições

Os candidatos e as rejeições
Crédito: REUTERS/Lucas Landau

As pesquisas funcionam, muitas vezes, como profecias, os candidatos que não têm chance, não são votados. E quem ganha o voto é aquele que, na nossa concepção, é o “menos pior”. Mas será que essa é a verdadeira política que queremos?

O nosso sistema de votação tem falhas, e deixa a impossibilidade de crescimento aos candidatos que são mais centrados e não estão todos os dias nos telejornais envolvidos em polêmicas, que não movem nem multidões apaixonadas e nem amedrontadas.

Atualmente, não existe mais debate, nem mesmo os partidos demonstram a necessidade deles, com um turnover gigantesco. Cada vez mais escolhem seus candidatos com base na votação e não em convicção e nem no que é melhor à população. É o interesse puro pelo poder, e não há o objetivo de chegar a uma condição social melhor.

Falta ferramenta para o debate, que unisse tanto a população quanto empresa, instituições, etc. Falta uma veia de liderança que representasse cada categoria de eleitor, massificado ou individual. Não conseguimos ver nesse contexto a empatia com a realidade, que nos escancara que políticas públicas ruins resultam em falta na educação, segurança e saúde. Ou seja, causa a morte de pessoas, do conceito de sociedade e da visibilidade competitiva do país em relação ao mundo.

Se existisse um sistema de votação onde você elege o candidato que você quer ver no poder e aquele que você menos quer. Isso seria o topo da democracia, ou seja, um grupo muito grande que se sentiria ameaçado poderia fazer o mais votado positivamente perder a eleição.

Considerando o cenário das duas maiores oposições de hoje, tanto Bolsonaro quanto Lula têm um índice altíssimo de rejeição, então se a soma dos votos a favor de qualquer um deles fosse diminuída pelos votos contra, provavelmente eles seriam os últimos nas pesquisas.

Portanto, a tentativa de criar essa polaridade morreria. E quando um grupo sofre ataques em relação às suas escolhas e orientações, ou até mesmo se sente ameaçado economicamente por um presidenciável, por exemplo, poderia se organizar e tirar pontos do candidato. Neste cenário, os discursos, as pautas e ações devem ser muito mais cuidadosos, a ponto de causar uma sensação de união, ao contrário disso o ataque se torna uma arma voltada à própria cabeça.

E esse sistema, inclusive, poderia resultar em uma correção partidária ou do candidato em relação à rejeição que sofre. Por exemplo, o comprometimento de um candidato como o Lula, marcado por esquemas de corrupção, seria fazer leis que mitigassem esses crimes políticos, pois sem isso, ele não teria chance. E, no caso do Bolsonaro, criar políticas públicas que amparassem as minorias e diminuíssem os discursos de ódio. Este processo faria com que eles tivessem que criar estratégias ponderadas para agradar gregos e troianos, ou seja, chamar a atenção positivamente de quem vota contra, mantendo o balanço da maré para quem já é um eleitor. Isso torna muito mais difícil a vida deles, mas não disse que seria fácil.

Dentro deste ponto de vista, aqueles que tiverem menos rejeição, estarão melhor colocados nas pesquisas, ou mesmo equiparados. O que isso traria? Aquilo que todos que estão cansados dos mesmos candidatos possíveis querem: finalmente uma cara nova no poder do país.

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