Opinião

Os próximos 125 anos: BH, COP-27 e agenda do Clima

Os próximos 125 anos: BH, COP-27 e agenda do Clima
Crédito: Filó Alves

A primeira capital planejada do Brasil aspira modernidade: a construção da nova capital de Minas Gerais se insere no contexto da materialização dos ideais republicanos de ordem e progresso após a Proclamação da República em 1889, já que a cidade de Ouro Preto, antiga capital do Estado, remetia ao tecido urbano colonial. Há 125 anos era inaugurada a cidade de Minas, posteriormente batizada como Belo Horizonte. A jovem BH é rotineiramente marcada por importantes espasmos transformadores, como a criação da UFMG na década de 1920, a construção do Conjunto Moderno da Pampulha na década de 1940, a potência cultural, gastronômica, o turismo de negócios e tantos outros atributos. Mas como serão os nossos próximos 125 anos?

Desde 2015 o Executivo municipal conta com um estudo que analisa a vulnerabilidade da cidade às mudanças climáticas. As tendências do clima indicam um incremento da ordem de 30% na exposição climática relacionada às chuvas intensas em Belo Horizonte, o que potencializa o risco de inundações, enchentes e deslizamentos, impactando especialmente os grupos mais vulneráveis. O cenário traçado aponta a urgência climática: em 2030 cerca de 60% de todos os bairros da capital mineira poderão alcançar a condição de alta vulnerabilidade. Em seu recente discurso na COP-27 no Egito, o presidente eleito Lula ressaltou a importância da justiça climática ao afirmar que “a emergência climática afeta a todos, embora seus efeitos recaiam com maior intensidade sobre os mais vulneráveis”. E ainda enfatizou o caráter socioambiental desta agenda ao destacar que “a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo”. Diante de tal desafio, o impulso de transformação belo-horizontina precisa se pautar por abordagens contemporâneas, permeadas por muita ousadia, engajamento, criatividade, sustentabilidade e inovação.

Recentemente a cidade anunciou a conclusão de seu Plano Local de Ação Climática – Plac BH, integrando instrumentos para minimizar os impactos dos eventos extremos da natureza, que causam inundações, deslizamentos de terra e ceifam vidas; para subsidiar a transição estrutural e econômica da cidade para uma dinâmica de baixa emissão de carbono e gases do efeito estufa; e, a partir daí, consolidar a inserção internacional do município, em busca de investimentos qualificados, inserção junto a organizações internacionais e ao sistema da Organização das Nações Unidas, especialmente no que se refere à cooperação internacional.

Em linha com o que preconizou a COP-27, o Plac BH propõe 3 eixos estratégicos: mais vozes, menos desigualdades; mais vida, menos vulnerabilidades; e mais verde, menos emissões. Em síntese: justiça climática, resiliência e desenvolvimento local de baixo carbono e em harmonia com a natureza. Serão 16 macroações de curto (até 2024), médio (até 2030) e longo (até 2050) prazos, que poderão transformar a cidade na primeira capital que esteja plenamente em conformidade climática na América Latina. Para isso, há que seguir trabalhando de forma participativa, engajando e envolvendo a sociedade civil organizada, a academia e o setor privado, e movendo as políticas públicas de forma inovadora e criativa, porém responsável.

Por certo, a edificação de uma BH MAIS FELIZ, que chegue saudável aos seus próximos 125 anos, depende muito daquilo que ecoou pelos corredores da 27ª Conferência do Clima, a implementação da agenda climática.

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