Pandemia, peste, confinamento social

Vivemos o pior momento, o mais trágico da pandemia até agora. Temos mais de 260 mil brasileiros mortos. Uma população grande e impotente diante dessa máquina da morte – a Covid-19 – abandonada e com seu destino, suas vidas se apagando pelo mau-caratismo, ineficiência, irresponsabilidade, incapacidade e loucura de seus dirigentes maiores.
O Brasil inteiro deveria ler “A peste”, de Albert Camus, ou rever na História Universal, o que a Europa experimentou na Idade Média, deixando em segundo plano, na sua espiritualidade cristã a adoração e o louvor, para concentrar suas copiosas preces e procissões de penitência no: “Libera nos, Domine, a peste, fame et bello” (Livra-nos da peste, da fome e da guerra).
No Brasil atual, a “guerra” ocorre entre os Poderes e Instituições apodrecidas e lideradas por corruptos e vaidosos, guerra camuflada entre ricos e pobres, na sua luta inevitável pela acumulação financeira e pela sobrevivência através de migalhas que caem da mesa. Já, a peste e a fome embalam as massas numa crise econômica, que se arrasta, e sanitária sustentada por uma “gripezinha” genocida, que virou pandemia.
Peste! Pandemia! Confinamento social! Tempo de meditar, de revisão de vida, de reflexão, de descoberta do outro. A vida, as leituras, a vida prolongada em favelas, vilas e bairros pobres, a escuta da ciência, a longa experiência na vida política, espiritual e amorosa me levaram à conclusão de que o combate eficaz para erradicar o vírus passa por duas condições:
1: uma mobilização unificada, fraterna, solidária e abençoada da população – pobres, classe média e elites burguesas – objetivando o fim da pandemia, como tarefa do povo inteiro de uma Nação. Imaginemos milhões de brasileiros, do Oiapoque ao Chuí, como agentes históricos, políticos e humanitários, como um exército em marcha, organizado na batalha para liquidar o vírus nefasto e assassino. Tomando todas as medidas e providências recomendadas pela ciência e seus agentes no plano da saúde, da política, da sociologia e da educação!
2: a existência de autoridades nos governos federal, estadual e municipal lúcidas e conscientes do dever cívico de servir seu povo acompanhadas pelas lideranças sociais, comunitárias, sindicais, religiosas, culturais e esportivas e mulheres e homens da imprensa, da mídia. Não falo abstratamente. Veja as notícias do desempenho e dos resultados desta luta experimentados em Israel e em Cuba. Esses dois pequenos países com ideologias diversas, mas com populações organizadas, orgulhosas de sua cultura e igualmente conscientes de suas missões coletivas. E com lideranças responsáveis, respeitosas com a vida e zelosas com a ciência. Devotados à Nação, à Pátria, os líderes judeus e cubanos se mostram eficazes na ação política, social, educativa, sanitária e administrativa.
Históricas são as mobilizações dos cubanos na promoção da educação e saúde, na defesa da pátria, na produção de vacinas, no combate às epidemias e na resistência aos furacões. E os israelenses, igualmente, na criação e defesa do seu Estado, na organização do trabalho (kibutzim e mochavs), no desenvolvimento da agricultura, da ciência e da cultura.
Não se acaba com a epidemia sem povo mobilizado e decidido e sem lideranças políticas lúcidas e com capacidade de trabalho e de conduzir seu povo.
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