Para onde caminham os shopping centers

Os gigantes do mercado imobiliário estão se modificando e adaptando rapidamente às mudanças de comportamento e das expectativas dos consumidores. Os empreendimentos que facilmente atraiam os lojistas e consumidores por variáveis como um excelente mix de lojas, um visual merchandising estupendo e uma localização perfeita descobriram que isto não é mais o suficiente.
Nos últimos anos, principalmente com a aceleração da digitalização, os consumidores e seus anseios mudaram. A disseminação dos celulares e principalmente da internet, cada vez mais rápida, transformou o modo de vida das pessoas, principalmente das gerações mais novas, que já nasceram num mundo totalmente digital e nem sentem a diferença quando transitam do on-line para o off-line e vice-versa, que simplesmente veem de forma igual seus amigos do mundo virtual e do mundo real.
Estes novos consumidores, empoderados pela tecnologia, com pleno acesso a informações sobre preços e produtos modificaram as regras do jogo. Eles agora podem comprar de onde quiserem, como desejarem e, o mais importante, na hora que acharem mais apropriado e ainda às vezes com frete grátis.
Neste novo contexto, a primeira ideia que temos é que os gigantes tendem a acabar. Mas na verdade estes que eram focados em auferir renda através de aluguéis de lojas e quiosques e em receber receita de estacionamento já estão se reinventando e muito mais rápido que se imagina.
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Já perceberam a mudança do cenário e estão se reorganizando. Já compreenderam que seus principais clientes mudaram e ainda estão tentando incluir outros novos. Seu principal cliente, o consumidor, que esteve restrito a poucos metros quadrados durante a pandemia, hoje está ávido por se relacionar com outras pessoas e a novas experiências, não somente no consumo, ansioso por espaços de convivência e entretenimento. Os lojistas, em sua maioria, já mudaram também, quase todos hoje têm um canal de venda on-line pelo menos.
Mesmo sem percebermos as mudanças já estão ocorrendo. Os shoppings estão sofrendo uma metamorfose de templos de consumo para centros de convivência. Locais onde se pode viver, ter diversão, simplesmente estar ou trabalhar. As áreas locadas para lojas para vestuário, artigos para o lar e artigos diversos têm perdido continuamente participação no espaço locável para ambientes focados em alimentação e serviços. Hotéis, clínicas de saúde, locais para exames, escolas, academias e grandes eventos também estão sendo incorporados ao seu cotidiano.
Uma grande administradora de shoppings, hoje, se define como uma plataforma que conecta lojistas, anunciantes e consumidores. Aí surge uma grande pergunta, o shopping não era o espaço que unia muitos consumidores a muitos lojistas? Na verdade, era. Hoje o empreendimento orientado por dados obtidos por meio de aplicativos, das cancelas de estacionamento, através da utilização do wi-fi gratuito, de serviços como fraldários, empréstimos de carrinhos de bebê e até por mapa de calor, entraram na era da inteligência de dados e desta forma estão conhecendo o seu consumidor, o seu fluxo e conseguindo mensurar resultados de campanhas promocionais.
Estes dados que identificaram um consumidor agora qualificado e identificado são capazes de incluir na equação que somava clientes a lojistas uma terceira pessoa, o anunciante. Hoje em alguns shoppings a receita resultante da comercialização da publicidade no mall já ultrapassa a receita captada no estacionamento. Antes os empreendimentos pagavam para ter eventos nos seus corredores, agora, proporcionam experiências, com grandes eventos, a seus consumidores, agregando valor a jornada do cliente e ainda recebem, muitas vezes pela área locada ou parte da bilheteria.
A tendência e conclusão é que os shoppings estão evoluindo com um novo mix fortalecido por restaurantes e entretenimento, incorporando cada vez mais saúde, educação, hotéis e unidades habitacionais consolidando assim um local onde estamos, convivemos, nos divertimos, comemos, nos hospedamos, estudamos. Na verdade, onde vivemos boa parte de nosso tempo e até compramos.
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