Opinião

Pés livres e mãos dadas

Pés livres e mãos dadas
CREDITO: CHARLES SILVA DUARTE

SÉRGIO SUCHODOLSKI*

Recebo do governador a missão de promover o desenvolvimento deste grande ativo dos mineiros. O BDMG tem por missão alavancar o crescimento regional e é um importante braço financeiro a serviço do desenvolvimento do Estado de Minas Gerais. Por isso, firmo compromisso para com o desenvolvimento social e econômico do Estado.

Temos hoje uma carteira de mais de 20 mil clientes. Eles estão espalhados pelos quatro cantos desses horizontes das Gerais. O BDMG marca presença em 88% dos 853 municípios. São inúmeras as oportunidades em um cenário econômico desafiador, que exige criatividade e austeridade para com as despesas.

Gostaria de agradecer a diretoria passada, pelo trabalho realizado, que em tempos difíceis propiciou algumas ações que serão importantes para o futuro do banco.

A principal força desse banco são as pessoas que constroem o dia-a-dia, são profissionais competentes, com boa formação, com gana por desafios e, principalmente, com comprometimento na busca por soluções para o desenvolvimento de Minas Gerais nesses 57 anos de existência.

Conto com vocês para atuarmos em conjunto. Atuaremos de forma robusta junto aos municípios para garantir-lhes parceria capaz de impulsionar investimentos regionais. E assim, sermos agentes multiplicadores. Onde tem parceria, crédito, investimento e fluxo de negócios, existe terreno fértil para a geração de emprego e renda.

Mesma lógica vale para o setor privado, com destaque para a agropecuária, o comércio, a mineração, a indústria de transformação, a construção e engenharia, a energia e a energia sustentável, o setor automotivo, de telecomunicação, de serviços com alto valor adicionado, transporte e logística, dente outros.

Nosso Desenvolvimento será entendido como a combinação de resultados econômicos positivos de curto prazo com transformações estruturais e aumento da produtividade e competitividade. Com isso, seremos capazes de ancorar no longo prazo a sustentabilidade desse crescimento em patamares dignos e compatíveis com a história e tradição de grandeza mineira.

É preciso pé no chão, sempre, sem ilusão de resultados milagrosos e instantâneos.

Precisamos ter total clareza e consciência de que o Estado está enfrentando extrema vulnerabilidade, por isso, é necessário velocidade e criatividade na implementação de projetos, mas, ao mesmo tempo, temos que garantir a estabilização e retorno do equilíbrio das contas públicas no médio e longo prazo. O foco em investimentos eficientes com o mais alto retorno para a população e para a recuperação da capacidade fiscal do Estado. É necessário trabalhar arduamente para evitar desperdícios e disciplinar os gastos.

Mas precisamos também manter a cabeça aberta para explorar novas parcerias, melhorar sinergias e promover os setores econômicos de Minas Gerais. Estamos constantemente buscando áreas e potencialidades do Estado que podem gerar o máximo de valor agregado para a população mineira.

Devido à sua natureza, o banco possui um papel catalisador no relacionamento com o setor privado, com a oferta de bens e serviços de qualidade, fundamentais para o aumento da produtividade, competitividade, segurança e bem-estar do povo mineiro.

Temos papel relevante na promoção da internacionalização de empresas do Estado. Teremos vantagens competitivas, visando atrair investimentos e novas fontes de financiamento para alavancar exportações e fortalecer as cadeias produtivas mineiras.

Para termos grandiosos resultados e parcerias, seremos guiados pela gestão eficiente, com as melhores práticas visando sempre uma modernização de processos e diversificação da carteira para que o BDMG continue a ser o orgulho dos mineiros e reconhecido por agentes externos como um banco eficiente.

Não dá mais para pensar que iremos dar saltos de eficiência com as atuais tecnologias e métodos de trabalho. É necessário trabalhar com práticas no estado da arte, com inovação, coragem e com as mangas da camisa arregaçadas.

Novas tecnologias são fundamentais para o banco ganhar escala e eficiência. E, para tanto, precisamos nos manter conectados com o forte ecossistema de startups mineiro e brasileiro. Precisamos atrair essas e outras empresas para o nosso Hubble, fortalecendo um espaço aberto de compartilhamento de ideias e experiências para desenvolvimento de inovações.

O banco não pode se limitar ao seu importante papel de financiador com as diversas linhas de crédito. O BDMG hoje possui 10 fundos de investimentos em participações e precisa continuar investindo em novos FIPs, sempre entendendo em quais setores e estágios de desenvolvimento entrega maior valor para as empresas e para a sociedade

“Senhor governador”, destaco ainda o papel do banco como catalisador do processo de transformação digital do Governo do Estado, acelerando e aumentando a eficiência desse processo.

Precisamos aprender e nos inspirar com experiências externas de sucesso, como na Estônia, em que o setor bancário trabalhou em parceria com o setor público para a criação de uma identidade digital que possibilitou a integração de diversos serviços públicos e privados, colocando sempre o foco no cidadão.

Esse é um pequeno exemplo da política de GovTechs que o Sr. governador impulsionará, inclusive participará do Brazil at Silicon Valley, na segunda, discutindo investimentos em GovTechs. Essa infraestrutura de tecnologia e soluções inovadoras usadas para o trabalho interno e também para ofertar serviços aos clientes é fundamental para o BDMG e para o futuro de Minas Gerais. Essa agenda tem potencial para diversas outras áreas governamentais, aproximando o cidadão e levando serviços de qualidade em áreas como saúde, educação e transportes.

Uma cooperação próxima com o setor privado e com o apoio do governo será de extrema relevância para ampliar a participação de Minas nesses fluxos e cadeias de produção, comércio e investimentos globais.

Também buscaremos parcerias cidade-cidade/ estado-estado, visando acordos comerciais, fontes de financiamento e também com cooperação técnica, em um papel fundamental de um banco público de desenvolvimento na operacionalização da estruturação de projetos municipais de iluminação pública, saneamento e resíduos sólidos, com modelos replicáveis e escaláveis.

Precisamos contar com o apoio e interlocução com os poderes constituídos; Executivo, Judiciário e Legislativo, nos âmbitos: federal, estadual e municipal. Para atrair recursos, firmar convênios, fundos, repasses e investimentos, dentro de uma visão republicana e de distribuição das responsabilidades por todos os entes federativos. Destaco minha formação jurídica e o apreço e respeito aos poderes constituídos que sempre tive em minha trajetória.

Alicerçaremos pontes para um diálogo republicano e dinâmico com as entidades de classe do setor produtivo. Muitas delas aqui presentes, representadas pelos seus valorosos dirigentes.

Também construiremos novas parcerias com instituições regionais e multilaterais de desenvolvimento, fundos e instituições financeiras internacionais, para pavimentar resultados práticos e compartilhar boas experiências.

Vamos aprimorar e criar mecanismos de cooperação com o BNDES e outras instituições (domésticas e internacionais) para iniciativas de cofinanciamento; estruturas de garantia; preparação de projetos; cooperação técnica e inovação reversa.

Novamente, precisamos ganhar ainda mais escala e aumentar a capilaridade dos produtos financeiros do banco com a utilização de tecnologia, com plataformas web e parcerias para chegar a mais clientes, ampliando a atuação e entregando serviços mais ágeis, rápidos e, principalmente, mais fáceis, com redução da burocracia.

Iremos nos inserir em mecanismos de operações-triangular, para fomentar infraestruturas de menor escala e projetos mais intensivos em tecnologia e inovação.

Vamos voar juntos, porque, na terra de Guimarães Rosa, “só precisamos de pés livres e mãos dadas”.

*Discurso proferido em 4 de abril, em solenidade de posse como presidente do BDMG

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