EDITORIAL | Política em tom menor

O bolo é grande, aparentemente saboroso, e todos acreditam que mereçam uma fatia mas, como não se entendem, ninguém ganha. Bolo, no caso, é imagem para representar o acordo firmado entre o Governo do Estado e a mineradora Vale, relativo a indenizações e compensações pelos danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos localizada em Brumadinho.
São ao todo R$ 37 bilhões negociados em âmbito judicial e, desse total, cerca de R$ 11 bilhões dependem de aprovação da Assembleia Legislativa, cujos integrantes não se entendem, numa irracionalidade que apenas nos faz enxergar o quão distante a maioria está do interesse público.
Enquanto isso nada anda, principalmente projetos de grande interesse para o Estado, como o financiamento, da parte da mineradora já assegurado, das obras de construção do Anel de Contorno Norte.
Cada um, com razão ou quase sempre sem razão, tenta puxar a brasa para sua sardinha, ou pior, cometem desatinos como propor que R$ 1,5 bilhão seja distribuído entre os 853 municípios mineiros. A título de que não se sabe, uma vez que a maioria não abriga nenhuma atividade mineradora e não guarda sequer proximidade com o município de Brumadinho, capaz de dar legitimidade à reclamada “compensação”. Muito mais sensato, não cabem dúvidas a respeito, é a proposta do Executivo estadual, focadas principalmente em obras de infraestrutura que, direta ou indiretamente, a todos beneficiarão.
Como lógica, bom senso e razão não costumam habitar os espaços da política, prossegue o impasse, para o que chegou a concorrer também o próprio município de Brumadinho, acreditando ter sido o único prejudicado e, portanto, detentor exclusivo, ou quase, das reparações. E perdendo de vista, entre outras coisas que será o grande beneficiário das obras voltadas para a mobilidade, no caso assegurando melhor acesso ao Museu de Inhotim, no campo das artes, hoje uma atração de expressão mundial e que depende de melhor acesso.
Para resumir, nada justifica que a pendenga prossiga, o que a cada dia que passa representa perdas para o Estado, vale dizer, também para os que hoje se engalfinham esperando alcançar uma fatia maior do bolo. Assim como não se justifica que, depois da construção do acordo, com participação de todos os envolvidos e respeitados os processos legais, esbarre exatamente no ponto em que, por suposto, deveriam estar os maiores interessados numa solução mais rápida, pautada pelo bem comum.
Ouça a rádio de Minas