Por um mercado de trabalho mais humano

Mirtes Cipriano *
Se você habita o território de desempregados brasileiros e prefere continuar reclamando da vida, desista de ler isto. Não é sobre adversidades, tampouco sobre soluções mágicas para enfrentá-las. E também não vamos falar sobre pegadinhas que trazem, ao final, objetivos mascarados de venda de produtos e serviços.
Há que se pensar em soluções mais solidárias para encontrar espaços no mercado totalmente transformado pela nova realidade, em que competências técnicas estão renovadas e os filtros de recrutamento chegam a ser cruéis para quem utiliza padrões antigos de currículos.
Se as empresas se movimentam para vencer os desafios da sobrevivência, pequenos empreendedores, jovens em busca de estágio e primeiro emprego e, principalmente, profissionais que disputam espaço entre os 13 milhões de desempregados também resolveram mudar de estratégia. Deixaram de ser concorrentes e se agrupam nas redes e em grupos de whatsapp. Compartilham informações e conhecimentos, ganham em competitividade e evoluem em perfil comportamental.
Exatamente isso: afinal, entre as competências mais festejadas pelos recrutadores está a capacidade de trabalhar em equipe, que implica em ajudar o coleguinha quando ele precisa.
Exemplos não faltam: a minha rede hoje inclui um grupo de profissionais de comunicação com foco em saúde – ou seja, serviços -, outro de comunicação, marketing e design, employer branding, networking com foco em carreira, vagas de emprego, para citar alguns.
Na principal rede voltada para carreiras, o Linkedin, o grupo saiu do virtual e adotou reuniões presenciais que acontecem mensalmente, durante as quais os participantes se dividem por área de interesse – carreira, gestão, tecnologia, marketing e outros mais que surgirem por necessidade coletiva. Ali, há troca de abraços, de energias, estímulo e troca de experiências, além de mentorias. Tudo gratuito – aliás, há pessoas trabalhando voluntariamente para que as coisas aconteçam.
Na semana passada, o auditório da Localiza abriu suas portas e profissionais atuantes em empresas como a própria locadora de veículos, a Max Milhas e a agência No Clima se uniram a Flávia Ferreira, referência nacional em estudos e cofundadora do grupo Employer Branding Experience, que tem como objetivo mobilizar profissionais de recursos humanos e de comunicação interna para construírem nos ambientes organizacionais experiências mais positivas aos colaboradores, obtendo como contrapartida melhor reputação entre eles, que se tornam embaixadores da sua marca. Parece simples e óbvio, não é?
Já nesta semana, o Café Mineirin, grupo multidisciplinar que vem dando o que falar nas redes corporativas, promoveu o seu sexto encontro, com avaliação unânime dos participantes sobre a pertinência e a relevância, bem como superação das expectativas.
O resultado natural deste movimento é a abertura de possibilidades reais para todos – seja de negócios, de empregos ou de parcerias. Sem assédio, sem invasão de espaço. E o mais curioso é que esses movimentos nem passaram pela fase em que ainda se encontram muitos grupos de família, que não evoluem do “bom dia”, das discussões sobre política e futebol ou troca de piadas de gosto duvidoso.
*Mestre em Administração, Comunicação e Educação. MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV
Ouça a rádio de Minas