Opinião

Produtividade, um fator essencial para o crescimento da economia

Produtividade, um fator essencial para o crescimento da economia
Crédito: Divulgação

AGUINALDO DINIZ FILHO*

Se compararmos o Brasil de hoje com aquele de apenas um ano atrás iremos verificar que, apesar das perspectivas de avanços na área macroeconômica, especialmente devidos aos impactos positivos que a reforma da Previdência já permitem prenunciar, continuamos engatinhando em múltiplos aspectos. Mas nenhum deles parece tão emergente quanto o da nossa baixa produtividade (foco, aliás, de um programa lançado há poucos dias pela ACMinas) e da decorrente falta de competitividade num cenário global. Sem uma nem outra, torna-se difícil, se não inviável, implementar qualquer programa que promova eficazmente o crescimento sustentável da economia.

O fato é que no quesito competitividade o nosso País ocupa hoje, num ranking de 140 países, um 71º lugar, posição especialmente lamentável quando verificamos que, há não mais que sete anos, estávamos no 48º lugar. Vemo-nos hoje em meio a um círculo vicioso que começa pela baixa competitividade. Esta decorre da pouca produtividade, que tem como causa o trabalho informal, resultante dos altos índices de desemprego. Estes, por sua vez, provêm da relativa estagnação do setor produtivo. E esta, fechando o círculo, nos leva a um grau de produtividade insuficiente para que sejamos competitivos.

Na verdade, verifica-se hoje uma recuperação – lenta, porém – do período recessivo verificado entre 2014 e 2016. Em condições normais, quando uma economia consegue crescer e consequentemente gerar empregos, há investimentos em inovação, em equipamentos, em capacitação. Com isto, a produtividade aumenta, pois cada trabalhador consegue produzir mais com menos horas trabalhadas. Mas, infelizmente, o que vem acontecendo entre nós é exatamente o contrário. Dados divulgados recentemente pela Fundação Getúlio Vargas mostraram que o Brasil tem hoje 38,8 milhões de trabalhadores na informalidade, um número recorde, equivalente a 41,4% da força de trabalho.

São vagas que foram geradas entre 2018 e 2019, quase todas informais, que pagam pouco e são menos produtivas. E com isto, diz a pesquisa, a produtividade por hora trabalhada na economia tende – e aí há até um até certo otimismo – a fechar este ano estagnada. No primeiro trimestre de 2019 houve queda de 1,1% e no segundo – dado mais recente – retração de 1,7%. Para o ano, ainda de acordo com a estimativa da FGV, o recuo deverá focar em torno de 0,8%.

Há porém um outro aspecto que acentua a tendência de que não haja, em 2020, a despeito dos esforços em contrário, grandes avanços em termos de produtividade. E por uma razão simples: Os quase 40 milhões de pessoas que hoje estão na informalidade ganham em média algo em torno de R$ 800, pouco mais da metade do que recebem, em média, trabalhadores com grau de qualificação semelhante. Salários menores são típicos de ocupações pouco produtivas, e a leitura que disso se pode fazer é a de que investimentos em programas de produtividade fiquem em segundo plano. O que, na verdade, é um grande equívoco.

O “boom” no crescimento do mercado informal, ao efetivamente contribuir para reduzir os índices de desemprego, tem um efeito social relevante e elogiável diante do cenário em que nos encontramos. Mas colocar um número recorde de pessoas na força de trabalho, mesmo que na informalidade, não contribui em nada para melhorar a produtividade. Trata-se de uma forma de reação compreensível, necessária e justa, mas que, na verdade, não se traduz – como até já se afirmou – em efetiva reação da economia e, muito menos, daquilo que efetivamente pode gerá-la: os ganhos em produtividade. Ao contrário, aprofunda a nossa defasagem nesse quesito e, com ela, a nossa capacidade de participar, com eficácia e com resultados, de um mercado extremamente concorrido e competitivo: o mundo.

*Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas

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