Quanto Antes, Melhor

O câncer de mama já é o mais comum no mundo e sua incidência vem numa crescente também no Brasil, cuja estimativa do Instituto Nacional do Câncer é de mais de 66 mil novos casos a cada ano. Essa notícia, além de não ser novidade, é bem preocupante, mas há outra que pode e deve sempre ser lembrada frequentemente, pois representa esperança para toda a população: quanto antes diagnosticá-lo, melhor para a sobrevida da paciente e suas chances de cura. O câncer não espera e o de mama, se diagnosticado precocemente, tem mais de 95% de possibilidade de ser curado e o melhor caminho para isso é a mamografia, exame mais eficaz para rastreá-lo.
O câncer de mama é problema de saúde pública, sendo a segunda maior causa de morte da mulher brasileira, com um saldo de mais de 18 mil óbitos todos os anos, também segundo o INCA. Num mundo de tanta tecnologia, internet e redes sociais parece inacreditável, mas há muita gente morrendo por falta de informação. Com as dimensões territoriais do Brasil, se faz necessário fazer com que circule orientação, do Oiapoque ao Chuí. São muitos os problemas que as mulheres encontram e em cada região eles são diferentes devido as suas peculiaridades locais. Portanto, conscientizar e disseminar informação qualificada é essencial. Para isso, seria importante políticas públicas alinhadas nas três esferas de poder, identificando caminhos para mitigar o drama vivido pelas pacientes, seja no acesso à prevenção, seja no tratamento da doença.
O movimento criado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, intitulado Quanto Antes Melhor, considera de forma estratégica, ampla e assertiva várias nuances que envolve o tema junto à população. Desde as medidas ligadas ao estilo de vida que certamente podem contribuir para evitar a doença, até o que se espera das autoridades e unidades hospitalares públicas. O Sistema Único de Saúde, o SUS, é um exemplo de sucesso no Brasil, embora saibamos que há muito a se aperfeiçoar e avançar. Com isso, no que diz respeito ao câncer de mama, o nosso SUS pode também fazer a diferença. Basta alguns ajustes e diretrizes.
Nossa cobertura mamográfica gira em torno de 25%, muito aquém dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Sociedade Brasileira de Mastologia preconiza a mamografia anual para todas as mulheres a partir dos 40 anos. Técnica e cientificamente essa recomendação é inquestionável e pode fazer a diferença para salvar vidas e evitar diagnósticos tardios.
No Brasil, cerca de 30% dos casos já chegam em estágio avançado e isso pode ser mudado. Da mesma forma, o acesso ao tratamento necessita de melhorias. A navegação das nossas pacientes precisa de maior atenção, iniciando com a mamografia, passando pela marcação da biópsia e chegando ao início do tratamento. Mesmo com leis garantindo todo esse acesso, na realidade, muitas demoram meses para iniciar o tratamento, comprometendo sua saúde diante do avanço da doença.
Agora em fevereiro, quando se comemora o Dia da Mamografia, num esforço de muitas entidades, está sendo lançado o Guia de Boas práticas em Navegação de Pacientes com Câncer de Mama no Brasil”, com inúmeras orientações e soluções que visam, justamente, potencializar a trajetória da paciente na sua luta contra a doença.
Durante o outubro rosa, muito se aborda sobre o tema, mas alertamos que esse rosa deve dar o tom ao longo de todo o ano. Isso é um direito de toda mulher, garantido por lei. Quanto antes garantirmos o acesso das mulheres à prevenção e tratamento, melhor. Quanto antes informarmos a população e quanto antes as autoridades direcionarem esforços para as melhorias necessárias para o combate ao câncer de mama no país, melhor para minimizarmos as perdas a cada ano.
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