Questões climáticas…
O tempo fechou na sustentabilidade nacional e não se deve à dimensão Ambiental. Não dessa vez. Há uma curiosa reincidência de mal-entendidos relacionados ao erotismo no atual governo. Observe-se a insistência de uma ministra em trazer o sexo às manchetes.
E o próprio presidente, ao exaltar ‘competências’ não relevantes ao repertório de um líder e que só deveriam dizer respeito a ele e sua esposa. À parte uma necessidade latente de autoafirmação, uma autoimagem além da realidade e a vaidade invadindo o bom senso, o que se revela mais triste no episódio venezuelano é o preconceito endêmico no Brasil para com imigrantes e refugiados.
Não foi o primeiro caso de um político tachar como fácil a vida de mulheres que tentam fugir da impossibilidade de um futuro. Há pouco, outro representante público deu com a cara no chão porque desfez de jovens ucranianas, cuja dignidade foi aviltada em um grupo de conversas, lembrando um adolescente buscando aceitação.
A infantilidade pode surgir em uma primeira análise, mas é na falta de empatia para onde convergem ambos os incidentes. Quem deixa seu país em busca de acolhimento em outro já têm desafios demais, derivados da xenofobia e da própria condição, para contar ainda com a difamação. Ódio? Machismo? Alusões a rebaixamento moral são por demais cruéis.
É como se um ser humano em vulnerabilidade social tivesse de ser subvalorizado. Situação ainda mais delicada em se tratando de meninas buscando um amanhã. O brasileiro sofre no exterior, onde, muitas vezes, paira sobre ele a pecha da frivolidade, mas se vale de preconceito equivalente como filtro pelo qual julga nações em desvantagens.
Uma pena quando observamos o destino de meninas – o que não é o caso dessas – que, ao invés da mão solidária e fraterna dos abrigos ou do suporte compassivo e altruísta de governos nobres, encontram um olhar libidinoso de idosos que não as conseguem enxergar como filhas. Talvez, nem seja um desejo real, mas uma necessidade de autoproclamação. E outros que demonstram afinidade com isso podem descortinar um Brasil com dever de casa moral.
Com o que o brasileiro tem se identificado? Por sorte – ou azar, o ego por vezes implode o próprio narcisista. São crianças imigrantes, futuras cidadãs do país, do qual esperam proteção. Uma hora o misógino chulo; o verborrágico tosco, o genocida sarcástico ou o piadista infeliz tropeça na própria arrogância e pode descer muito próximo à vala comum das paixões que qualquer homem de bem deveria repudiar.
Será que o trinômio Deus-Pátria-Família admite elasticidade ética ao caráter dos “pais-de-família”? A preocupação maior não é com o fato em si. É que essa questão do “clima” mina a confiança como um todo e revela o porquê do preconceito contra minorias; da falta de afeto que negligencia os passivos sociais, ignorando-se a fome, o desemprego, os que clamam por segundas chances nos presídios; assim como o meio ambiente em flagelo e as vítimas de uma doença mortal, ridicularizadas por piadas diante da asfixia. Também disso podem decorrer os boicotes a quem pensa diferente.
A insensatez ao se racionar a merenda escolar e a se anestesiar cortes irracionais na educação. Quem sabe a vista grossa quanto à degradação dos sistemas sociais e a displicência para com todas as dores que disso decorrem?
Tudo isso pode estar contido em um simples lapso: a tentativa de transmutar desequilíbrio emocional em virilidade publicitária. A civilidade é mandatória no atual estágio do desenvolvimento sustentável, por mais barbáries que esse planeta esteja assistindo pela TV. Se a questão é insanidade, há profissionais e clínicas hábeis em psicopatologia.
Se o caso for desvio de caráter, talvez não tenha solução. Quem sabe não haja “cura” em um desses templos que aceitam Jesus com a mesma facilidade com que são aceitos cartões de créditos e votos? Falsos profetas, hora ou outra, podem publicar, por engano, sua pior carência: a falta de alma.
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