Reflexões quanto à Rodovia da Morte

A excepcional publicação do DIÁRIO DO COMÉRCIO, de 25/02/2022, focada a questão da BR-381, assim sintetizada: “Com mais de 670 quilômetros de extensão, traçado sinuoso, estado de conservação a desejar e péssimas condições de tráfego, o trecho da BR-381, que liga Minas Gerais ao Espírito Santo, tornou-se um dos mais perigosos do País e ficou trágica e historicamente conhecido como Rodovia da Morte”, permite-nosclassificá-la como de grande importância para a vida econômica e social dos mineiros e do Estado de Minas Gerais.
A intenção de voltarmos nesse assunto é no sentido de poder contrastar com um evento similar, porém de relevante sucesso, qual seja a “Duplicação da Fernão Dias”.
Em 1990, precisamente em 15 de março de 1990, assumia do Governo do Estado de Minas Gerais o tão eleito governador Hélio Garcia. Dr. Hélio, como assim o chamávamos, antecipando a sua posse convocou-me para uma conversa na qual me deu o seguinte recado: “Orsini, temos que buscar dinheiro nos bancos internacionais para fazer a duplicação da Fernão Dias, pois essa foi a minha principal promessa de campanha para o povo mineiro!!!”
Diante dessa manifestação do eleito governador, antecipando sua posse, organizamos uma missão a Washington, no sentido de se manter reuniões tanto com o Banco Mundial (BIRD) como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os resultados dessa missão foram extremamente positivos, pois ao nosso retorno, antes ainda de sua posse, já tínhamos assegurado a participação do BID no financiamento da duplicação da Fernão Dias, como também outros encaminhamentos ao Bird dos importantes projetos de saneamento básico, como o Prosam (Programa de Saneamento da Ambiental) da RMBH, o Somma (Saneamento, Organização Municipal e Meio Ambiente) e o Programa de Melhoria da Educação em Minas Gerais. Estes investimentos totalizaram naquela época quase US$ 4 bilhões e foram totalmente realizados durante os 4 anos de governo do Dr. Helio Garcia e finalizados no governo de Eduardo Azeredo.
Resumo da história: Vontade política de um governador como Hélio Garcia que soube negociar com o governador de São Paulo, Dr. Antônio Fleuri, e com total apoio do então presidente Fernando Collor de Melo, envolvendo prioritariamente dois DERs (MG e SP), não desmerecendo o antigo DNER, porém de forma integrada e objetiva.
Vejam o que ocorreu com o desenvolvimento do nosso Sul de Minas. A Fernão Dias duplicada se tornou um dos maiores “eixos de desenvolvimento do País”.
Exemplo que deveria ser seguindo por tantas administrações, pois a nossa BR-381, denominada Rodovia da Morte, padece de decisões e de “vontade política”. Muito triste para os mineiros!
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