Reflexões sobre os desafios para uma educação de qualidade

João Gustavo Rezende*
No último dia 24 de abril celebramos o Dia Mundial da Educação. Nesta data tão importante, somos convidados a refletir sobre seu potencial único e transformador. Parafraseando Nelson Mandela, a educação é a ferramenta mais poderosa para mudar a vida das pessoas, promover o desenvolvimento social e construir um caminho consistente para uma sociedade mais justa, sustentável e consciente.
Em contraponto, também somos provocados a relembrar os vários desafios que ainda temos no País que passam por desigualdades socioeconômicas e na distribuição de recursos, níveis ainda insatisfatórios de aprendizado por parte de alunas e alunos, investimentos e incentivos insuficientes na formação e desenvolvimento de professores e falta de adoção de tecnologias disruptivas e metodologias educacionais inovadoras.
Nesta dualidade, cabe destacar que desde 2015 o Brasil é um dos países signatários da Agenda 2030 da ONU que envolve a adoção e compromisso de implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de forma colaborativa com outros países e setores da sociedade a partir de políticas e ações que visem promover um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável com o objetivo de erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente, o desenvolvimento econômico e social e promover a educação de qualidade com metas claras e mensuráveis.
O alcance efetivo destes objetivos somente será possível quando conseguirmos, em todos os setores (e níveis) criar um nível de compreensão e consciência uníssonos sobre nossos grandes desafios sociais e os caminhos possíveis de solução. Neste desafiador, mas necessário exercício social, vejo as instituições de ensino superior como protagonistas não só na criação de espaços que propiciem o debate de forma científica e propositiva, como também na formação e aprendizado contínuo de nossos atuais e próximos gestores públicos, representantes políticos, empreendedores, líderes empresariais e agentes de transformação em suas comunidades.
Uma educação de qualidade pode ajudar as pessoas a desenvolver uma compreensão mais profunda dos principais entraves sociais do País e estimula o pensamento crítico e a busca por soluções inovadoras e sustentáveis para os problemas que enfrentamos. Contudo é vital que as instituições de ensino tenham modelos acadêmicos e de aprendizado que propiciem uma formação diferenciada e que vá além da transmissão de conhecimentos e habilidades técnicas. Além disso, é necessário que as universidades promovam uma educação, de fato, integral. Contemplando não apenas a formação acadêmica, mas também a formação cidadã e ética dos estudantes para que sejam incentivados a refletir sobre as implicações sociais e ambientais de suas escolhas e decisões, e que busquem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Uma das alternativas já utilizadas por algumas instituições de ensino no País, trata de fomentar atividades extracurriculares que estimulem o engajamento social dos estudantes, como projetos de extensão, voluntariado e iniciativas de empreendedorismo social com a utilização de metodologias ativas de ensino, que estimulam a participação efetiva dos estudantes no processo de aprendizagem, da criatividade e da capacidade de resolver problemas complexos, propiciando uma formação mais integrada e conectada com a realidade social e ambiental do País.
Outro desafio importante é a promoção da diversidade e da inclusão nas instituições de ensino. É preciso que as instituições de ensino estejam atentas às desigualdades sociais e promovam políticas de inclusão que garantam não só o acesso, mas também a permanência de estudantes de diferentes origens e realidades socioeconômicas. A diversidade é uma fonte de enriquecimento para a formação dos estudantes, que têm a oportunidade de conviver e aprender com pessoas de diferentes culturas, visões de mundo e experiências de vida.
É importante celebrar o Dia Mundial da Educação e reconhecer que a construção de uma sociedade mais ética, justa e igualitária e a criação e fomento de empresas que genuinamente e continuamente avaliam os impactos de suas ações sobre os seus diversos stakeholders, passa pela compreensão de seu importante papel e adoção de inovações em seus modelos pedagógicos por parte das instituições de ensino e na inevitável necessidade de formação de futuros profissionais que sejam não só competentes tecnicamente, mas também tenham a consciência do potencial transformador de sua contribuição e responsabilidade individual na construção do país que sonhamos.
*Executivo na área de Riscos, Compliance e Auditoria Interna na Anima Educação. Instagram @joaogustavosrezende e Linkedin Joao Gustavo Rezende, CIA, CISA
Ouça a rádio de Minas