Opinião

Reforma que não avança

Reforma que não avança
Créditos: REUTERS/Pilar Olivares

Para quem tenta adivinhar os rumos da economia, as notícias da semana são pouco animadoras, começando pela revisão das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), agora abaixo dos três pontos.

E nessa mesma linha, estudos da Fundação Getúlio Vargas, divulgados na segunda-feira, revelam que a última década foi a pior, em termos de expansão da economia, nos últimos 120 anos.

Nesse clima, não espanta que na semana anterior a Bolsa de Valores de São Paulo, que superou a barreira dos cem mil pontos pela primeira vez, tenha chegado à sexta-feira com 93,7 mil pontos, ou queda de 5,45%, a maior desde agosto passado.

O clima, particularmente para quem esperava mais, parece azedo, e agravado pelas evidências de que com relação à reforma da Previdência, tomada como uma espécie de sinal de partida, existem mais dúvidas que certezas. Em Brasília, a este respeito, não faltam interpretações, variando conforme as inclinações do autor.

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De um lado, há quem diga que os deputados estariam repetindo as práticas de sempre, tentando transacionar um eventual apoio e, de outro, quem considere que o jogo do presidente Bolsonaro é propositadamente duro, exatamente para indicar que nada será transacionado, algo que poderia ser interpretado também como sua falta de vontade de atacar, por exemplo, a questão dos militares.

São apenas versões, em meio à boataria própria de Brasília, onde a única certeza é de que a matéria não está caminhando com a velocidade necessária e esperada, daí o mau humor que tomou conta dos agentes econômicos que já não apostam num encaminhamento diferente – e mais positivo – para os desafios que permanecem e se agravam.

Aliás, dizem, a própria desidratação da reforma, já permitindo entender que os pontos centrais do desequilíbrio registrado não serão mesmo atacados, ajudam a explicar o desânimo refletido no comportamento da bolsa e também do câmbio nos últimos dias.

Fato é que alarma a percepção de que nada de novo está acontecendo em Brasília, no que toca ao conjunto de iniciativas destinadas a destravar a economia, criando condições para a volta de investimentos capazes de gerar riquezas, postos de trabalho e, na ponta, mais consumo e mais impostos arrecadados. De mudar, enfim, o mau humor que vai quebrando as esperanças dos agentes econômicos.

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