Opinião

Relevância da energia solar para Agenda 2030

Relevância da energia solar para Agenda 2030
Crédito: Divulgação

No Brasil, a capacidade já instalada de sistemas de energia solar térmica é de 14,7 gigawatts, pouco superior à geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo. Em termos globais, todos os aquecedores implantados até 2021 proporcionaram economia de 45,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) e reduziram em 147,5 milhões de toneladas a emissão de dióxido de carbono (CO2), segundo o estudo Solar Heat World-Wide, da Agência Internacional de Energia (IEA). Trata-se, portanto, de uma tecnologia cada vez mais decisiva para a sustentabilidade ambiental.

Ademais, o número de empregos nas áreas de produção, instalação e manutenção dos sistemas era de 380 mil em todo o planeta em 2020, aponta o mesmo relatório. O volume global de negócios estimado para o setor, no mesmo ano, era de US$ 18,7 bilhões (R$ 97,15 bilhões, ao câmbio oficial de 19 de agosto de 2022). No Brasil, onde a atividade emprega hoje 46 mil pessoas, estimamos que, em 2022, as admissões de trabalhadores cresçam 22%. No ano passado, foram seis mil contratações.

 Todos esses dados demonstram com clareza a importância da energia solar térmica para o êxito no atendimento por parte dos países aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a serem cumpridos pela humanidade até 2030. Considerando os aspectos energético, ambiental, econômico e social, a tecnologia é aderente a seis dos ODS: “EnergiaAcessível e Limpa” (7); “Emprego Digno e Crescimento Econômico” (8); “Cidades e Comunidades Sustentáveis” (11); “Consumo e produção responsáveis” (12); “Combate às alterações climáticas” (13); e “Vida sobre a terra” (15).

O Brasil é privilegiado nesse contexto, pois dispõe de luz solar praticamente o ano inteiro sobre todo o seu território. No entanto, apesar dos avanços observados nos últimos anos, impulsionados principalmente pelo esforço do setor e sua representação associativa, o parque instalado de energia solar térmica está muito aquém de nosso potencial. Poderia ser muito mais expressivo se houvesse maior apoio do governo. O sistema poderia, por exemplo, estar presente nos projetos habitacionais da União, estados e municípios.

 Também é importante a conscientização crescente da sociedade sobre os ganhos proporcionados por essa tecnologia, que atende a uma grande parcela da demanda energética, propicia imensa economia nas contas de luz e ganhos econômicos e ambientais, a partir de uma fonte perene, limpa e sustentável. Embora no Brasil o sistema seja mais utilizado em residências, é igualmente eficaz em indústrias e estabelecimentos comerciais. Em outras nações, verifica-se sua utilização crescente em edifícios públicos, principalmente hospitais, centros esportivos e hotéis. Esta também é uma possibilidade concreta para nosso país.

 Os ODS foram estabelecidos pela ONU em 2015, em substituição aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que deveriam ter sido alcançados naquele ano, mas fracassaram. Agora, para o cumprimento da Agenda 2030 só restam oito anos à civilização. Não podemos falhar de novo, numa conjuntura global de desemprego, aumento da insegurança alimentar e consequências já graves das mudanças climáticas, como se observa no presente verão do Hemisfério Norte, onde o calor está causando grandes danos à saúde pública, às empresas e à economia.

 É grande a responsabilidade de governos, sociedade, formadores de opinião e universo corporativo no sentido de viabilizar o êxito da agenda mundial voltada ao desenvolvimento sustentável, ancorada no bem-estar das pessoas, preservação ambiental, prosperidade e paz. Nessas metas, a questão energética é estratégica. Assim, os envolvidos em todas as suas cadeias produtivas — poder público, empresas e consumidores pessoas físicas e jurídicas — têm fortes compromissos no sentido de contribuir para que a expansão de fontes limpas e renováveis seja um dos fatores de viabilização da Terra como um planeta perenemente habitável.

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