Opinião

Retomada em 2022 passa pela educação

Retomada em 2022 passa pela educação
Foto: Fabio Alves / Agencia i7

Para avançar com segurança é preciso ter o olhar atento no presente e consultar permanentemente o passado. Por isso, a temporada de balanço de final de ano é fundamental. Tomo aqui a liberdade de compartilhar a minha. Do ponto de vista econômico, acredito que no Brasil muitos desafios foram superados em termos da pandemia, sem negar que as ameaças do vírus se renovam e os impactos econômicos e sociais negativos são reais.

Sei que não podemos eliminar a ameaça pandêmica do panorama de 2022. Porém, o Brasil termina 2021 com resultados que provam que a vacinação e as medidas rigorosas aplicadas de diferentes maneiras em diferentes territórios trouxeram respostas e melhorias para todos. Novas variantes estão às portas de muitos países que precisam antecipar à próxima onda – se não já estiverem presentes em seu país. O Brasil também se encontra nesta fase de antecipação. As últimas decisões para verificar o status de vacinação dos viajantes antes de entrar no Brasil aumentam as proteções necessárias para limitar o impacto dessas novas variantes.

Gostaria de avaliar dados do The Economist, de 16 de dezembro de 2021. Eles sinalizam que o Brasil e outros países latino-americanos estão demonstrando sua capacidade de vacinar, mas, porque infelizmente muitas pessoas foram infectadas, presume-se que sejam menos vulneráveis. É claro que aprendemos nos últimos dois anos que devemos ser sempre cautelosos antes de lançar verdades gerais ou análises sobre a questão da pandemia. A ciência está avançando num ritmo incrível, demonstrando uma capacidade humana que não poderíamos ter imaginado antes de passar por estes tempos difíceis. Além destas projeções, devemos continuar a viver protegendo a nós mesmos e àqueles ao nosso redor! Isto nós podemos afirmar!

É inegável que desse caos surgiram oportunidades de um renascimento de modelos econômicos e transformações importantes ou radicais (buzzword) de empresas, uma adaptação significativa da espécie humana que terá de aprender a conviver com esta ameaça pandêmica por muito tempo e, finalmente, uma capacidade de retomar uma vida social um tanto modificada, com medidas sanitárias, mas ainda com o prazer de conhecer e continuar a desfrutar das relações humanas, provavelmente mais seletivas do que antes. A pandemia acelerou a transformação digital em curso e podemos pensar no “renascimento econômico” dos anos vindouros. Os modelos econômicos devem se adaptar às novas expectativas do mercado, dos próprios consumidores que modificaram profundamente seu comportamento de compra e adotam novos valores. Estamos intimados a dar a volta em questões que postergávamos no mundo dos negócios, o ESG (Environment, Social & Governance) é um exemplo. O mercado, que está se tornando consciente dos grandes desafios deste século, punirá as empresas que não seguirem este caminho.

Os mercados mundiais estão passando por tensões ligadas à escassez de certas matérias-primas, ao congestionamento do transporte internacional, que estão fazendo subir os preços e, é claro, estão sujeitos aos jogos geopolíticos de racionamento de energia ou mesmo à compra de certos produtos e pode ainda causar tensões entre Estados.

Já os mercados financeiros e as políticas nacionais de muitos países têm continuado a limitar o valor das taxas financeiras, o que mantém uma demanda para apoiar as economias nacionais. O problema é que diante dessas faltas, ou dificuldades de fornecimento, os preços sobem e muitas vezes têm um impacto negativo sobre aqueles com o menor poder aquisitivo. O Brasil está começando a mostrar vontade de reequilibrar esta tendência, mas até onde pode ir neste ano eleitoral?

Os brasileiros merecem uma liderança política inspiradora porque são resistentes, trabalhadores e capazes de se reinventarem constantemente. Esperança que não é ingênua, mas real no Brasil, a terra do futuro, como Stefan Sweig escreveu tão bem décadas atrás.

 E isso nos leva a uma reflexão primordial: Quais são nossas fontes de inspiração para o futuro? Pensar o futuro é pensar na juventude. Este é o recurso de renovação essencial de um país. A questão demográfica nunca deve ser perdida de vista pois reside nos cidadãos em formação, com desejo de transformação, capacidade de reflexão e força de trabalho a esperança de sobrepujarmos os desafios econômicos e socioambientais das nações.

Portanto, é fundamental que a classe jovem tenha acesso a uma educação de qualidade que os elevará a uma vida humana digna, capaz de fazer escolhas e acreditar em seu país. E promover isso é responsabilidade de todos. Obviamente, o mundo da educação deve se reinventar para acompanhar uma nova geração e suas expectativas. A lacuna geracional é enorme com os jovens que são chamados “nativos digitais” e que passaram por longos períodos de confinamento. Na verdade, nossas primeiras perguntas deveriam ser “como eles podem se projetar no futuro? como eles podem ter confiança no futuro?

Acredito que cabe à sociedade adulta e mais vivida mostrar confiança. Não confiança ingênua, mas confiança baseada na ciência, na economia do conhecimento e no reconhecimento da diversidade em todos os sentidos da palavra, incluindo as pessoas, mas também no trabalho manual e intelectual. Finalmente, para mostrar o valor do trabalho, dos compromissos cívicos e o equilíbrio escolhido entre a vida pessoal e profissional. A missão é grande e não pode esperar. Que oportunidade temos no mundo da educação para contribuir com ela, reinventando-nos constantemente. Espero que o ano de 2022 afirme esta transição no mundo da educação.

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