Se desafie e saia da zona de conforto

David Braga*

 “Mar calmo nunca fez bom marinheiro”. A famosa frase retrata exatamente o que pode ser observado, cada dia mais, no ambiente corporativo. Nos tempos atuais, independentemente do nível hierárquico ocupado, isso se traduz no profissional que tem de estar apto a desenvolver diferentes tarefas, mesmo que algumas delas não digam respeito à sua área específica de atuação. É o que chamamos de pessoas polivalentes ou multifuncionais.

 Vale lembrar que, somado a esse perfil, as constantes crises em nosso País têm feito com que as empresas reduzam suas estruturas, atuando com menos pessoas e em busca de mais resultados. Nesse cenário, além das pessoas polivalentes, elas têm procurado por profissionais mais sêniores e talentosos.

 Importante ressaltar que somos movidos por desafios constantes e pela novidade. E é tão bom quando temos “brilho nos olhos”; não é verdade? Se o nosso trabalho não oferece essas emoções, que nos fazem sentir vivos, o desinteresse começa a aparecer. Nesse momento, as empresas tendem a perder seus talentos para os concorrentes. Por isso, trabalhar com pessoas que nos desafiam é um dos principais ingredientes para nos tornarmos profissionais diferenciados e não acomodados.

 Evidentemente, não apenas a empresa e as lideranças precisam gerar desafios constantes. Também o próprio colaborador deve criar seus caminhos, uma vez que ter protagonismo é essencial para quem busca conquistar êxito na carreira. Aqueles quepreferem ficar na “zona de conforto”, usualmente, não vão atrás de seus sonhos. Seguem a mesma rotina e deixam a vida passar, sem “correr atrás” do que realmente querem. Sabe aquela pessoa que está há anos insatisfeita no mesmo emprego? Ela é um exemplo clássico do que estamos falando. E o pior nisso tudo é que, muitas vezes, só reclama e nada faz para mudar a situação.

 Quando tratamos de vida profissional, quantos de nós não ficaram ou estão em empregos medíocres por medo de perder a “estabilidade”? Também não é curta a lista de pessoas que desistiram de fazer o que realmente sonharam, porque ganhariam menos do que o salário que recebem nesse trabalho que não lhes preenche. Portanto, quando superamos medos e encaramos desafios, geralmente é quando desenvolvemos habilidades e competências até então pouco exploradas. É aí que descobrimos potencialidades, nos surpreendemos com tudo o que somos capazes de fazer e ser. Então, da próxima vez que você for desafiado por seu líder, lembre-se do quão positivo isso é para a sua carreira profissional.

 Uma das principais competências e habilidades buscadas pelas empresas é o comprometimento. Se você pudesse dar uma nota de 1 a 10 para o seu nível de comprometimento, qual daria? O comprometimento representa o nível de compromisso de uma pessoa em relação a algo ou alguém. No âmbito profissional, comprometimento é aquilo que te leva a cumprir, com responsabilidade, todas as questões impostas a você ou à sua equipe.

 Você sabia que a palavra compromisso tem origem no termo em latim compromissus, que significa fazer uma promessa recíproca? Por isso, quando se fala que determinada pessoa tem comprometimento, isso quer dizer que ela respeita os acordos que faz, escritos ou verbais, formais ou informais. Em uma organização, o comprometimento pode ser visto em muitas situações: quando um colaborador entrega as tarefas dentro do prazo, quando leva suas responsabilidades a sério, quando não falta ao trabalho, quando faz entregas com alta qualidade de execução, quando não chega atrasado, entre outras. Na prática, comprometimento profissional é exigir de si próprio um nível alto de rendimento e de produtividade.

 Essa mentalidade faz com que o colaborador comprometido faça mais em menos tempo, se propondo não somente a oferecer o seu melhor, mas se reconhecendo como parte importante no processo de crescimento da organização.

É importante que você saiba que a falta de comprometimento gera desperdício de tempo, trabalho e consome muito mais recursos do que o necessário, sem contar que o produto ou serviço final poderão não ter a mesma qualidade para o cliente. O indivíduo comprometido se esforça para sempre honrar seus compromissos. A responsabilidade é inseparável do comprometimento e, portanto, uma pessoa que se mostra irresponsável dificilmente será comprometida com seus afazeres.

 Do mesmo modo, a empresa também precisa ter comprometimento com seus colaboradores, para que, assim, esse relacionamento de compromisso entre contratante e contratado seja recíproco e gere bons resultados para ambos. Saiba que o seu nível de comprometimento percebido pelas pessoas está diretamente associado ao sucesso da sua carreira profissional. Pense nisso.

 
*CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos presente em 30 países pela Agilium Group. É conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral, e conselheiro da ABRH-MG, ACMinas e ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent