Sejamos sinceros

Carlos Perktold*
Sejamos sinceros: a esmagadora maioria dos brasileiros é mais telespectadora que leitora, algo que facilita a manipulação do grande público em geral, incapaz de fazer uma crítica contundente do que ouve. São notícias e imagens em cima de notícias e imagens sem tempo para que o ouvinte assimile ou elabore qualquer uma delas, mas cujos registros psíquicos imperceptíveis de caráter manipulador ficam impregnados no pré-consciente.
Achar-se bem informado hoje é prestigiar as imagens, as redes sociais e o entretenimento, que banalizam as ideias profundas e de interesse público, de hábito, difundidas em livros e em pouquíssimos vídeos. Os livros dão mais trabalho para serem assimilados, várias frases e capítulos fundamentais devem ser grifados e repensados, alguns parágrafos devem ser relidos várias vezes até se sintonizar com coração do autor batendo no do leitor. Ver televisão é uma banalidade rápida demais cujas imagens podem ser manipuladas ao bel prazer dos seus editores e donos, mas formadora de opinião do grande público.
O parágrafo acima é para esclarecer aos leitores que é impossível acreditar nas estatísticas apresentadas diariamente pelos canais de televisão do País sobre a quantidade de infectados, recuperados e mortos por este maldito coronavírus. Sei que a fonte delas é do Ministério da Saúde, que, por sua vez, recebe as informações dos cartórios de registros de óbitos.
A dificuldade de aceitar os números divulgados originam-se dos chamados “protocolos” de hospitais, de onde se originam os atestados de óbitos. A maioria dos protocolos de hoje obriga o signatário do atestado a mencionar pelo menos “possivelmente Covid-19”, mesmo que a morte tenha sido por outra descarada causa mortis. Esta informação nenhum médico ou hospital confirmará por que o assunto é complexo demais, sigiloso demais e não há interesse em denunciá-la. Além disso, parece ainda haver um “bônus” para as prefeituras, hospitais e CTI quando o diagnóstico é Covid-19.
Sabe-se que o SFT retirou a autoridade do Poder Executivo para coordenar o combate das ações federais do novo vírus. O Supremo decidiu que isso era competência dos estados e prefeituras. Coube ao presidente da República apenas enviar o dinheiro para os estados e prefeituras cuidarem de seus habitantes. Foi o que ele fez. Distribuiu verbas imensas para minúsculos municípios e grandes cidades e para todos os estados.
Se acreditarmos nas estatísticas, a responsabilidade de tantas mortes deve ser debitada na conta dos prefeitos e governadores que gastaram mal os valores recebidos. Comenta-se a todo o momento na mídia em geral que parte da verba recebida foi para o ralo da corrupção. Isso foi denunciado várias vezes em locais diferentes e apenas investigações estão a ocorrer contra os corruptos e corruptores.
Sabe-se também que no Brasil e desde o início da pandemia houve uma politização de um problema de saúde pública. Ao contrário do que fizeram vários países europeus, inclusive a Itália, a mais sofredora naquele continente do Covid-19, muitos prefeitos e governadores brasileiros se lixaram para orientações e outros exageraram nas regras, prejudicando comércio, indústria e turismo.
Permitiram o funcionamento de alguns segmentos: supermercados, farmácias, construção civil e postos de combustíveis como se comerciários, farmacêuticos e seus funcionários, pedreiros, serventes, engenheiros e frentistas pudessem adoecer ou fossem imunes ao vírus. Critério estranho também perdurou alguns dias na Capital quando o Shopping Oiapoque ficou aberto enquanto grandes shopping centers permaneceram fechados.
Várias denúncias correndo por fora dos noticiários de televisão nos dão conta de que nestes novos tempos ninguém mais morre de bala ou de vício, overdose, AVC, acidentes doméstico ou automobilístico, cardiopatias, câncer, tuberculose ou dos infinitos diagnósticos que sempre formam “causa mortis” de milhares de pessoas.
A chamada de caderno da edição do jornal “Zero Hora”, de 28 de julho de Porto Alegre, registra em caixa alta que houve 70 mortes por Covid-19 num dia. Na linha seguinte da mesma notícia e em caixa baixa relata que essas mortes foram entre os dias 6 e 28 do mês. Como acreditar nessas estatísticas?
Há um vídeo do Prof. Dr. Michael Levitt, prêmio Nobel de Química circulando (às vezes esses vídeos nos ensinam muito) no qual ele se declara cientificamente perplexo “por que ninguém checou esses números” referindo-se àquelas vítimas do Covid-19. E ele ainda critica abertamente os infectologistas mundiais e organizações como a OMS, Royal Society, The National Academy of Science que não se reuniram para discutir a nova doença. “A política infectou os cientistas”, declarou o químico.
Ele tentou alertar a todos, mas ninguém o ouviu. Pelo contrário, ele foi insultado por e-mail centenas de vezes. Ratifico a pergunta: como acreditar nas estatísticas sobre Covid-19, seus infectados, curados e mortos?
*Psicanalista, advogado e escritor
Ouça a rádio de Minas