Sustentabilidade do rio São Francisco

Não ocorre um evento simples nos amplos domínios dos recursos naturais em decorrência da sinergia que determina as relações entre o clima, relevos geográficos, fauna, flora, seres humanos, agropecuária, cidade e campo, processos antrópicos, dilapidação da natureza, preservação e conservação, pois, desde a formação do planeta Terra, há 4,5 bilhões de anos, que persiste um processo constante de mudanças e adaptações e sejam elas quais forem e ao longo de milênios. As “Eras Geológicas” são emblemáticas, poderosas e pesquisáveis!
Embora não tenhamos forças suficientes para impedir determinados eventos milenares da natureza, como tremores de terra, movimentos das placas tectônicas, erupções vulcânicas, tsunamis, furacões, tempestades, vendavais, enchentes épicas, entre outros, mesmo assim, onde e como intervir tecnicamente para reduzir os impactos ambientais e cujos resultados esperados sejam multiplicadores nas respectivas bacias hidrográficas numa ação multidisciplinar, associativa e tecnológica?
Nesta abordagem não se deve subestimar nenhum outro rio dessas Minas Gerais, e de outros estados, igualmente estratégicos à oferta de água para múltiplos usos e atendimentos às diversas necessidades.
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Foge à realidade presumir que haverá dinheiro suficiente para recuperar tudo o que foi dilapidado ao longo de séculos. Além disso, essa conta internacional não tem tamanho e podendo exigir bilhões e bilhões de dólares num considerável horizonte de tempo nesse planeta mutante, entretanto, as políticas públicas também têm outras demandas socioeconômicas de envergadura e exigindo substantivos recursos econômicos, tecnológicos e gestão para resultados.
Segundo dados históricos e geográficos, o rio São Francisco nasce no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), no município de Medeiros, percorrendo 2.683 km e passando por 521 municípios localizados em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, onde desemboca no Oceano Atlântico, com uma vazão média de 2,84milhões de litros por segundo ou 10,22 bilhões de litros/hora.
A sua bacia de captação de chuvas cobre 641 mil km2, sendo que Minas Gerais responde por 75% de sua vazão média anual, e determinando sua influência frequente e direta em quatro outros estados (IBGE/ANA/Google).
Assim, nessas poucas pinceladas, consolida-se a posição estratégica e indispensável do São Francisco em qualquer plano de preservação e conservação ambiental, com recursos financeiros nacional e internacionais! No mundo, estimam-se as perdas de solos agrícolas em 75 bilhões de toneladas anuais (FAO); Brasil, 1,18 bilhão de toneladas.
O solo é um trabalho paciente da natureza sobre a rocha-matriz que lhe dá origem e, dependendo dos fatores que atuam sobre ela, poderá levar até 400 anos para formar 1 centímetro de solo, que é também um fator sinérgico. Sem descartar a adoção de outras boas práticas nos diferentes cenários rurais mineiros, e fora do Estado, esse rio da “Integração Nacional” requer minimamente um programa de conservação do solo e da água, onde for essencial e fizer a diferença, e alinhado aos recursos naturais, finitos!
Em Minas Gerais, seus afluentes principais são os rios Paraopeba, Verde Grande, das Velhas, Abaeté, Carinhanha, Corrente, Pajeú, Jequitaí, Salitre, Paracatu, Pará e Urucuia; são 168 afluentes ao longo de seu percurso até verter suas águas no Oceano Atlântico.
As múltiplas intervenções humanas recorrentes na bacia geográfica do rio São Francisco não se restringem apenas à agropecuária, mas envolvem as atividades de outros setores da socioeconomia no seu trajeto.
No campo, a questão ambiental passa também pelo bolso dos produtores ao adotarem práticas sustentáveis; quem planta e cria deverá receber por serviços ambientais prestados à sociedade. Essa é a lógica!
Vale registrar que a proposta da transposição do rio São Francisco data de 1847, ou 175 anos atrás, quando foi sugerida ao Imperador Dom Pedro II pelo engenheiro Marcos de Macedo, que havia sido também presidente da Província do Piauhy. Nem tudo é novo, mas inovador.
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