Opinião

Todos são iguais diante da lei?

Todos são iguais diante da lei?
Crédito: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

O engenheiro Paulo Vieira de Souza, hoje mais conhecido como Paulo Preto e apontado como responsável pelo, digamos, caixa paralelo do PSDB em São Paulo, aparentemente era uma figura comum até se aproximar do mundo político.

Hoje está condenado a 145 anos de prisão e, cumprindo sua pena, fez na última semana uma revelação até certo ponto surpreendente, declarando-se dono de quatro contas na Suíça, com depósitos que somam R$ 137 milhões.

Quase três vezes os cinquenta e poucos milhões encontrados num apartamento em Salvador, “patrimônio” aparente do PMDB. Paulo Preto, que foi também diretor da Dersa, empresa pública responsável por grandes obras em São Paulo, diz que o dinheiro é dele, pagou multas de valor não revelado e, dessa forma, teria “evitado danos” ainda maiores.

Claro que é difícil, se não impossível, acreditar que todo esse dinheiro seja dele, não importa se adquirido legítima ou ilegitimamente. Mais provável e crível continua sendo a versão de que ele seria o operador das propinas destinadas ao PSDB, hipótese que evidentemente põe no mesmo saco, ou na mesma cela, tucanos paulistas de alta plumagem.

E gerando a expectativa de que as investigações patrocinadas pelo Ministério Publico não são, ao contrário do que muitos imaginavam, condicionadas por viés político, destinadas exclusivamente a remover o Partido dos Trabalhadores do poder, tarefa já cumprida.

Persistem, no entanto, dúvidas quanto ao destino final de toda essa movimentação, o que fatalmente significaria incluir nos inquéritos e, sobretudo, nas suas consequências, gente que até o ano passado estava no poder ou muito próximo dele.

Em outras palavras, continua sendo difícil determinar se houve mais virtude ou mais ambição em toda essa movimentação, enquanto aumentam os sinais de que a corrupção nas altas esferas políticas tornou-se generalizada.

No caso comentado, reservar exclusivamente a Paulo Preto a condição de réu e condenado não é bom sinal, da mesma forma que geram desconfiança alguns movimentos sugerindo que, de fato, cumprido o objetivo inicial, os movimentos agora são reversos.

E destinados aos poucos a apagar as más lembranças e más referências, num faz de conta que, na hipótese de se confirmar, apenas deixaria claro que as cartas do jogo estavam mesmo marcadas e que o resultado final não seria aquele desejado pela maioria dos brasileiros.

Paulo Preto, o engenheiro amigo dos tucanos, já disse que tem muito dinheiro, mas não esclareceu se foi por mera questão de segurança que preferiu guardá-lo na Suíça, não explicou como acumulou sua fortuna e, menos ainda, informou se tem sócios. Tudo muito suspeito.

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