Opinião

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Lucas Figueiredo/CBF

Cesar Vanucci *

“O título foi recebido com alegria comedida, mas o futebol apresentado na copa foi de nível aquém das expectativas”. (Domingos Justino Pinto, educador)

Está claro que, mesmo em termos consideravelmente comedidos em relação a outros momentos de maior fulgurância da crônica futebolística, a conquista do título na Copa América produziu regozijo no seio da torcida. Mas não se pode contestar também que, na visão geral dos aficionados do “esporte das multidões”, o torneio regional recém-findo ofereceu padrão de qualidade bastante aquém do esperado, não conseguindo hora alguma produzir empolgação popular. Outra conclusão a extrair da competição é de que a seleção comandada por Tite distancia-se anos-luz, em termos de apuro técnico, dos escretes que permitiram ao Brasil alcançar os pináculos da fama e se tornar aos olhares extasiados do mundo a “pátria do futebol”. Ganha consistência maior, a cada dia que passa, a sensação de que os critérios empregados por paredros da CBF e Comissão Técnica na convocação, preparação e, ipso-facto, escalação do time deixam muito a desejar. Essa história de se conceder prioridade, na chamada dos atletas, a elementos que atuem em clubes no estrangeiro, atendendo a conveniências de patrocinadores e de gente envolvida em rendosas operações negociais de passes, somada ao tempo insuficiente reservado para treinamento dos convocados e formação de selecionado harmonioso e competitivo, é de molde a destroçar qualquer pretensão de voos mais altos nas disputas internacionais. Chegada é a hora de se dar ouvido ao sentimento das ruas e às ponderações de traquejados estudiosos da arte futebolística. Botar tento e acatar o que proclamam. Impõe-se a reformulação dos critérios vigentes na atualidade, começando pela adoção de predominância, nas convocações, de jogadores que atuem nos campeonatos nacionais. Tem-se por certo que uma seleção no figurino sugerido, utilizado com comprovado sucesso noutros tempos, estará muito mais apta a recuperar a glória perdida. É da convicção geral nas rodas esportivas. Em eventuais confrontos que coloquem, de um lado, time composto de craques ignorados nas convocações oficiais de agora, e, de outro lado, time formado por jogadores da chamada “legião estrangeira”, o triunfo sorrirá sempre para o conjunto mencionado em primeiro lugar. A crença dominante é de que dos gramados brasileiros possa sair um escrete técnica e fisicamente mais bem adestrado, melhor treinado, mais coeso, mais identificado com o sentimento nacional, do que um escrete saído dos gramados d’além mar.

Não é fora de propósito imaginar, como muita gente anda fazendo, que as conversas impróprias, em torno de processos judiciais em curso, entre o ministro da Justiça Sergio Moro, à época ainda na magistratura, e o procurador Deltan Dallagnol hajam motivado pronunciamentos do Papa Francisco e do ministro do Supremo Luiz Edson Fachin. Como sabido, o sitio “Intercept Brasil” vem divulgando, insistentemente, trechos de diálogos inconvenientes travados entre os dois personagens mais destacados da Operação Lava Jato. O fato vem sendo objeto de críticas acerbas em círculos jurídicos e políticos, no País e no exterior.

Ouçamos as manifestações do Pontífice e de Fachin. A fala de Francisco foi veiculada na conta oficial da Santa Sé, no “tuiter”, com legendas em português. Consiste basicamente numa recomendação endereçada a integrantes do Judiciário no sentido de que mantenham sempre rigorosa independência em suas respeitáveis decisões. “Sua independência – assevera – devem ajudá-los a ser isentos de favoritismos e pressões que possam contaminar as decisões a tomar”. Acrescenta: “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negociou a verdade. Rezemos para que todos aqueles que administram a justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra”. Curiosamente, dando força à suposição quanto ao objetivo mirado com a mensagem, no exato momento da dicção pontifícia, o vídeo divulgado projeta cena de um tribunal de júri em que a acusação aponta para a foto de um prédio de apartamentos, enquanto o réu aparece fazendo um sinal negativo com a cabeça.

As palavras do ministro Fachin, relator da Operação Lava Jato na alta Corte, foram proferidas no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Eis o que foi dito: “Juízes também comentem ilícitos e devem ser punidos. Juiz algum tem a prerrogativa de fazer de seu oficio uma agenda pessoal ou ideológica. Se o fizer, há de submeter-se ao escrutínio da verificação”.

O noticiário nosso de cada dia revela que, em recente e concorrida reunião de trabalho, na cidade de Juiz de Fora, envolvendo pessoal ligado ao segmento educacional, uma servidora pública de carreira foi impertinentemente inquirida por um parlamentar empenhado em saber de suas convicções pessoais em assuntos técnicos e políticos. O episódio ganhou repercussão, causou constrangimento e despertou compreensível inconformismo, por suas não apenas inusitadas características, mas também pelo toque antidemocrático de que se revestiu. Os preceitos humanísticos e democráticos repelem atitudes comportamentais desse gênero.

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