Trabalho em excesso: até quando?

Se você é o tipo de pessoa que se orgulha em falar que é workaholic, ou seja, trabalha sempre por longas horas, até muito tarde e mesmo nos finais de semana, eu preciso lhe dizer que isso não é nem um pouco positivo. Evidentemente, há fases profissionais mais complexas, que poderão exigir de nós muito esforço, mas isso não pode ser uma constante. A vida pede equilíbrio, e é preciso saber desligar quando não estamos trabalhando. Aproveitar o momento presente e estar inteiro nele é fundamental, especialmente nas horas de folga. Esta tem sido a atitude de profissionais de sucesso.
Se, por um lado, a tecnologia tem apoiado cada vez mais o ganho de competitividade e agilidade dentro das organizações e no âmbito pessoal, por outro, ela nos aprisiona, seja com excesso de e-mails, seja via mensagens de WhatsApp, ambos ligados ao trabalho. Entretanto, devemos nos lembrar que é vital ter tempo para o repouso e desfrutá-lo, mas isso requer mudança de comportamento.
Algo que tem atrapalhado muitos colaboradores na entrega de resultados é o elevado nível de estresse aos quais estão sendo submetidos. Muitos já apresentam sinais do famoso burnout, ou seja, a estafa mental, o que é péssimo e gera reflexos danosos. Segundo a Associação Internacional de Manejo do Estresse (Isma), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada por esse esgotamento. O número é extremamente alto, concorda? Então, se desligar, quando necessário, é sinônimo de mais felicidade – e até mais produtividade. Afinal, uma mente descansada produz muito mais.
Por isso, minha primeira dica é para que você defina seus horários. A organização é importante, pois, ao entender o que precisa entregar e em qual prazo, você consegue se planejar de forma mais assertiva e incluir o descanso no dia a dia. Além disso, manter uma vida social faz parte do ser humano e, inclusive, afeta positivamente a produtividade. Use seu tempo livre para estar com pessoas que agregam em sua vida, fazer programas culturais e gastronômicos ou assistir a filmes e séries. E, antes que eu me esqueça, gerencie o uso do celular, seja com questões do trabalho, seja nas suas mídias sociais. Você precisa entender que, ao descansar a mente e o corpo, retornará às suas atividades com mais foco e mais atenção.
Como já sabemos, a vida pede equilíbrio e protagonismo. Nesse sentido, qual a nossa responsabilidade em relação àquilo que nos acontece, seja no âmbito pessoal, seja no profissional? Professores não te fazem aprender; médicos não te fazem ser saudável; e, da mesma forma, coaches não te fazem alcançar suas metas. Eles apoiam o seu esforço, mas a responsabilidade é 100% sua.
Temos, por natureza, a mania de muitas vezes querer terceirizar o gerenciamento de nossas ações e colocar esse controle nas mãos do outro. No meio corporativo, quantas pessoas permitem que a empresa se aproprie da gestão de sua carreira e defina por elas? Evidentemente, o tão falado protagonismo, ou seja, a atitude daquele que assume a postura e o direcionamento da vida, vai “por água abaixo”. Também quantos de nós não queremos fórmulas prontas e caminhos mais curtos, conhecidos como atalhos?
Preciso lhe dizer que para alcançarmos nossos sonhos, profissionais e pessoais, o trajeto é usualmente árduo e é resultado de uma construção no dia a dia. Cada decisão que tomamos – ou não – provoca reflexos e contribui para compor quem somos e quem seremos. E já que falamos tanto sobre o futuro, o que seria ele senão o resultado daquilo que fazemos (ou não) no hoje?
Por isso, é tão importante o autoconhecimento, obtido de maneira consistente, por meio de terapia ou um processo qualificado de coaching, com profissionais competentes. Fazer essa reflexão permite que os indivíduos se conheçam e entendam quais são seus pontos fortes e aquilo em que precisam evoluir. Visto que ninguém é perfeito, estamos todos na busca empírica de uma vida com equilíbrio.
Sobre sucesso profissional, importante salientar que usualmente as pessoas de sucesso têm o senso de responsabilidade bem desenvolvido. Assumem o controle de suas vidas, dando o respectivo direcionamento para cada ponto que perseguem como meta. Isso é válido tanto para o contexto pessoal, como para o profissional. Elas buscam formações, para aprimorar as competências técnicas, agregam mentores a fim de discutir determinados assuntos, e não se queixam quando algo não acontece conforme planejado. Pelo contrário, criam caminhos, se adaptam aos diferentes cenários e têm a flexibilidade de se adequar em um mundo incerto, volátil, ambíguo e complexo, também conhecido como “Vuca”.
Em suma, saiba que o único responsável por sua vida é você mesmo. E isso é ótimo; não é mesmo? Buscar o equilíbrio e conectar nosso trabalho com nosso propósito é uma das formas de estarmos em ambientes que propiciem a tão falada felicidade no trabalho, que como já foi comprovada por meio de inúmeros estudos publicados, impacta na nossa performance e, consequentemente, no desempenho e faturamento das organizações.
Ouça a rádio de Minas