Um contemporâneo do futuro

Cesar Vanucci*
“José Costa deixou o seu exemplo.” (Nair Costa Muls)
Em artigo impregnado de meigas recordações e ternura filial, carregado de frisantes revelações, Nair Costa Muls reporta-se à cintilante trajetória de “José Costa, meu pai”, ao comentar os 88 anos deste vibrante DC.
Conheci de perto o saudoso personagem. Desfrutei o privilégio de fazer parte de seu círculo de amigos fraternais. Subscrevo, assim, prazerosamente, com caligrafia caprichada e firma devidamente reconhecida, os conceitos a seu respeito expendidos pela Doutora em Sociologia, apreciada articulista que, frequentemente, brinda o leitorado do jornal com material de rico conteúdo, falando das acontecências sociais, econômicas e políticas da desconcertante atualidade.
A José Costa pode-se aplicar, com plena justeza, a definição – só a bem poucos reservada – de “contemporâneo do futuro”. Em edificante caminhada pela pátria terrena, desde os começos do “Informador Comercial” mimeografado com supremo zelo artesanal, até a consolidação do complexo gráfico editorial vitorioso dos tempos posteriores, ele foi alguém que se impôs à admiração e apreço da comunidade. Dela fez-se abnegado servidor. Detentor de luminosidade própria, deixou imaculada conduta ética impressa nas lidas jornalística, classista e do empreendedorismo com feição social. Espírito vanguardeiro, lançou-se em arrojadas e bem-sucedidas iniciativas.
Colocou sempre à mostra crença arraigada nos valores humanísticos que recobrem de dignidade a aventura da vida. Informado das questões tormentosas de seu tempo, defendeu com ardor causas importantes, vinculadas a evolução civilizatória e ao desenvolvimento cultural, econômico e social. Sobressaiu-se, nas lutas enfrentadas, pelo posicionamento nacionalista assumido dentro de uma perspectiva esperançosa quanto à vocação de grandeza de seu País, nas conquistas do futuro. Fora da solidariedade social – pontuava sempre – não há como atingir a prosperidade e o bem-estar almejados pela sociedade humana.
Os conhecidos e amigos de José Costa confessavam-se intrigados com sua singular capacidade de atuação, a um só tempo, em tantas frentes de trabalho. Sua assinatura figurava em todos os livros de presença correspondentes a reuniões em que se discutiam procedimentos e estratégias relacionados com causas desenvolvimentistas e humanitárias. A Fiemg, a Fecomércio, a Associação Comercial de Minas, a União dos Varejistas, pra falar de algumas das instituições às quais emprestou profícuo labor, confiavam-lhe, volta e meia, tarefas desincumbidas de forma irrepreensível, invariavelmente.
No Lions Clube ele e sua devotada e saudosa esposa, Dalva, mulher talentosa e dinâmica, eram enxergados, pelos companheiros, como símbolos vivos da organização. Ao saudar Costa, certa ocasião, afirmei que se fosse exigida do Lions, em dado momento, a confecção de carteira de identidade, a foto 3×4 do documento outra não poderia ser senão a dele, José Costa.
Com 44 anos comemorados recentemente, pela segunda vez consecutiva, este desajeitado escriba, fomentador inveterado de bem-intencionadas utopias, despontou para a vida no mesmo ano em que o DC surgiu. Colaborador do jornal há décadas, constato, com entusiasmo, que os exemplos transmitidos por José Costa se perpetuam nas ações executadas por seus dignos descendentes, filhos e netos, à testa de uma plêiade de profissionais traquejados no ofício da comunicação. Isso nos proporciona a tranquilizadora e reconfortante certeza de que, nesta publicação, os mineiros encontram uma guardiã serena dos valores do espírito, do sentimento democrático, do culto de brasilidade, da crença humanística e um instrumento eficaz no processo da construção humana. Ideais propagados, em fecunda existência por este “contemporâneo do futuro” chamado José Costa.
*Jornalista [email protected]
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