Opinião

Uma nova relação das empresas

Uma nova relação das empresas
Crédito: Adobe Stock

A leitura da pesquisa realizada pela McKinsey&company “Geração da verdade: A geração Z e suas implicações para as companhias” nos transporta para uma nova ótica na compreensão desta geração e nos deixa ansiosos em compartilhar um novo prisma de observação sobre ela.

A busca da verdade parece resumir o comportamento da geração que nasceu entre 1995 e 2010, os quais já nasceram expostos às redes sociais e aplicativos em seus telefones celulares. Uma geração hipercognitiva, capaz de coordenar múltiplas realidades, presenciais e digitais, através da tecnologia.

Uma geração que não aceita mais só receber conteúdo, mas o produz e deseja imergir nele. Capaz de influenciar o consumo de todas as idades e rendas, bem como, influenciar no posicionamento das pessoas diante das marcas, com valorização da expressão individual e completamente avessa a rótulos.

Uma geração capaz de se mobilizar em torno de causas, que acredita no diálogo como melhor meio para a solução de conflitos e ainda toma decisões de forma analítica e pragmática, com diferença nítida dos millenials, uma geração voltada para si mesma, ávida consumidora de experiências, que surgiu num processo de grande progresso econômico.

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As empresas e sua cadeia produtiva tem que repensar urgentemente como entregar valor ao consumidor para satisfazer as exigências da geração Z. A mudança é radical, a personalização substitui a produção em massa e as atitudes éticas tanto no trabalho quanto no marketing, são demandas reais imediatas e não um propósito a ser alcançado.

A complexidade dos Z é que para eles o mais importante não é se autodefinir, mas experimentar diferentes formas deles mesmos formando uma identidade individual ao longo da vida.

Segundo a pesquisa, 76% se autodefinem como religiosos, mas ao mesmo tempo trata outros temas em desacordo com o alinhamento da religião específica. O indivíduo pode se considerar ao mesmo tempo religioso e acreditar na aptidão de um casal do mesmo sexo adotar crianças em uma visão simplesmente pragmática.

Um reflexo desta identidade indefinida, de estar sempre conectado, com um número ímpar de informações e influências é a fluidez de gênero. Para eles o próprio ser é o lugar para a experimentação, o teste e a mudança. Cerca de 70% afirmam ser importante defender causas ligadas a grupos identitários. São viciados em comunicação e conectam diversas verdades.

Partindo deste princípio, não fazem distinção entre as pessoas que se conheceram on-line das que se conheceram no mundo físico. Transitam entre comunidades e promovem causas através de um elevado poder de mobilização tecnológica. Consideram as comunidades online como o fator integrador de diversas pessoas com realidades socioeconômicas diferentes que se mobilizam em causas e interesses.  São capazes de pertencer a diferentes grupos e se mover entre eles.

A geração Z credita ao diálogo uma incrível importância e aceita diferenças de opinião nas instituições que participa e nas próprias famílias. Consegue então interagir, com instituições que rejeitam seus próprios valores sem abandonar suas crenças. Interage de forma pragmática com as instituições extraindo delas o que faz sentido para eles.

Outra característica da geração Z é ser realístico, tentando apreender a verdade através das coisas.

E uma geração que tem inúmeras informações a seu dispor, por isso são mais analíticos e pragmáticos em sua tomada de decisões que as outras gerações. Absorvem de forma mais confortável conteúdo on-line que o das instituições de ensino. São muito menos idealísticos porque nasceram no stress econômico e acreditam na necessidade de poupança para o futuro e veem a estabilidade do trabalho mais importante que o salário.

Diante de todas estas variáveis, o que muda no consumo desta geração e nos relacionamentos familiares pode ser explicado através de três forças que emergem da confluência da tecnologia e do comportamento.

A primeira é uma ressignificação do consumo com mudança do foco da posse para o acesso. A geração Z avalia diversas informações antes da compra fazendo com que os produtos se tornem serviços e os serviços se conectem aos consumidores. Eles consomem serviços de transporte de carros, não carros, consomem streaming e diversos tipos de assinaturas, alugam imóveis que ofereçam conveniências como lavanderia, minimercado, áreas coletivas. Tem menor apego a propriedade e foco no uso. Utilizam em um grau inimaginável há uma década plataformas que conectam produtos, serviços e experiências.

A segunda consiste no consumo ser visto como uma expressão da identidade individual. A principal característica desta geração e a manifestação da identidade individual. Portanto, a busca por produtos personalizados é uma consequência desta identidade. A Uma nova relação das empresas e suas marcas com os novos consumidores, os nativos digitais.

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