Uma outra resenha de opiniões

Cesar Vanucci*
“O leitor precisa ser quase poliglota para entender o que deveria ler em português.” (Carlos Perktold)
- Mestre Silviano. “É difícil descrever o que representou Silviano Cançado Azevedo na história do desenvolvimento econômico de Minas Gerais. Grande parte do que Minas conseguiu ser, economicamente falando, foi devido ao grande guru e mestre desenvolvimentista, desde que começou sua carreira no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. O livro que ele produziu, De Mãos Dadas Reflexões sobre o desenvolvimento de Minas conta parte de sua história como participante ativo do desenvolvimento mineiro, mas deixa de fora todo seu trabalho na presidência da Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais, justamente um dos chamados “tripés” do desenvolvimento mineiro.” (José Eloy dos Santos Cardoso, economista e professor)
- EUA e China. “Algumas autoridades brasileiras deveriam aprender regras de negociação com os Estados Unidos e a China. Mesmo durante uma nova onda de guerra fria, os dois países avançam na comercialização de produtos agrícolas. Os americanos buscam vender o quanto podem para os chineses, enquanto estes, apesar do fechamento mútuo de consulados, aceleram as compras porque necessitam dos alimentos dos EUA. No Brasil, um dos principais fornecedores de produtos agrícolas e de carnes para a China, ainda há quem misture política com negociações comerciais e busque frear essa corrente de comércio, essencial para o país. (Mauro Zafalon, na FSP)
- Democracia. Por que a democracia é boa para nós? Não faltam teorias românticas, quase religiosas, para justificar esse regime político, que se consolidou nos países mais avançados a partir do século XX. Uma delas, de forte apelo popular, diz que a democracia faz sua mágica ao promover escolhas conscientes por parte dos cidadãos. Quanto mais instruída for a população, melhores decisões ela tomará. Outra, mais comum nos meios acadêmicos sustenta que a democracia funciona porque permite que os governantes sejam recompensados (reeleitos) ou punidos (ou postos para fora) de acordo com seu desempenho.(…) Vem ganhando força a ideia de que a democracia funciona porque sob determinadas condições, permite que as disputas políticas se resolvam sem recurso à força.” (Hélio Schwartsman, jornalista)
- Vocábulos estrangeiros. “Do you speak english? A pergunta acima é dirigida ao leitor a propósito da quantidade de palavras em inglês que temos na mídia impressa diária. O leitor precisa ser quase poliglota para entender o que deveria ler em português. Se não se está habituado a elas, fica sem saber o que é homeschooling ou sumimit ou ainda streamning nos jornais diários, causando um lockdown cerebral a quem não está familiarizado com a língua. Isso, sem mencionar a alvagaria dos termos em economês ou em informatiquês, também criados para diletantes da língua de Shakespeare. (Carlos Perktold, psicanalista, advogado e escritor, no Diário do Comércio”)
- Milícias cariocas. “Da minha janela, vejo a Lagoa, Ipanema e as Cigarras; à direita o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea; à esquerda, Cantagalo e, nos fundos, o Parque da Catacumba com o Cristo ao longe. É uma visão de tirar fôlego que compensa, não mais, a tristeza de ter nascido, crescido no Rio e testemunhado a degradação de uma cidade fundada num dos mais belos acidentes geográficos do Planeta. (…) Bruno Paes Manso tomou para si (uma tarefa, quase impossível de traçar um histórico claro de uma tragédia insolúvel) no assombroso livro República das Milícias, que a editora Todavia está prestes a lançar. Trata-se de um minucioso estudo sobre o descaso do Poder Público e da própria sociedade para com a miséria. (…) O Rio acreditou que as milícias resolveriam a ineficiência do Estado. Não só não resolveram, como se tornaram parte do problema. É uma lição e tanto para os que apostam na aplicação do modelo para além das fronteiras fluminenses República das Milícias é leitura obrigatória. (Fernanda Torres, atriz)
*Jornalista ([email protected])
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