Opinião

Uma semana para todas as semanas do ano

Uma semana para todas as semanas do ano
Crédito: Freepik

Ela chegou e veio, apesar da pandemia que ainda preocupa todo o globo. Abre o mês de junho, independentemente, da polarização política, dos revezes econômicos. Ela escancara uma grande preocupação apesar de tantas outras como a miséria, a fome, as fobias e preconceitos representados em todas as formas e cores. Sim, chegou o tempo de refletir sobre as causas ambientais de forma mais sistemática e profunda. Afinal, de 5 a 9 de junho, está aí, para quem quer ou não ver a Semana do Meio Ambiente.

E, como é interessante pensar sobre a forma como ela é representada. Lembro, nos muitos anos que me dediquei ao corporativo de uma renomada siderurgia, estando à frente de programas premiados nacional e internacionalmente, que durante essa semana nos dedicávamos a falar dos “grandes feitos” ecologicamente corretos no período de um ano: quanto economizamos e recirculamos de água nos processos; quantas mudas foram plantadas e matas foram reflorestadas como forma de compensação ambiental; quanto de energia os setores deixaram de gastar com práticas simples e adotadas na rotina do escritórios, além de todas aquelas recomendações para o cuidado doméstico em casa durante o banho, com o uso de eletrodomésticos etc, etc, etc. Lembro que via tudo aquilo como, desculpe o palavreado, um repeteco atualizado.

Não que eu discorde do que se tem feito, mas acho que há muito mais daquilo que é afixado em cartazes, consolidado em palestras, sendo exibido em letras garrafais – como se o “para casa” das indústrias e áreas tivesse sido cumprido. Afinal, falar de Meio Ambiente é dizer algo além, é falar de vida, de tudo o que nos cerca, e qual o compromisso e contribuição de cada um com o único propósito de continuarmos existindo. Não é “missão dada e missão cumprida” é um caminho a ser percorrido sem fim em que é necessário repensar processos, formas, jeitos e posturas, permanentemente. O Meio Ambiente exige de nós responsabilidade para a família que espera um filho, para a comunidade que depende de um rio, para a sociedade que anseia um futuro, para a vida que depende do bom funcionamento do mundo.

Falar de Meio Ambiente é ter cuidado com a fauna e flora, com a preservação das espécies e que perpassa por uma reflexão além do capital. É pensar em agricultura, agronegócio e subsistência sem para isso desmatar indiscriminadamente, arrancar da terra a sua vitalidade, eliminar o desperdício e fazer valer a solidariedade do alimento que chega nas casas e vai alimentar famílias. Repensar o Meio Ambiente é falar de gente, de sociedade, “de uma mão que segura a outra”, de economia circular, reaproveitamento e sustentabilidade. É entender que juntos somos mais fortes, que um está para o outro e com a mão que se dá também é tirado.

Por isso, durante essa semana, suplico para não passarmos a responsabilidade de cuidar do meio ambiente para o governo, para a indústria, para os setores de meio ambiente, comunicação e relações institucionais, mas que possamos fazer brotar o compromisso individual. Precisamos de garantias para a sobrevivência, traduzidas em negócios sustentáveis, que na prática possam significar: produtos que não contaminem o solo, as plantações e as pessoas; capitalismo que possa gerar riquezas compartilhadas e não desigualdades; ações que possam representar ganhos conjuntos e não individuais. Que a Semana do Meio Ambiente, esteja em cada semana do ano, em cada ideia plantada e ação realizada.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas