Opinião

Vítimas da negação à ciência

Vítimas da negação à ciência
Crédito: Diego Vara/Reuters

Os primeiros artigos que esse escriba rascunhou sobre a pandemia e a grande crise, que vinha se arrastando, fizeram com que muitos leitores reagissem com palavras, sentimentos e também com “ira”, que brotaram do fundo das pessoas, cobrindo de lágrimas a “alma, o espírito e o corpo”, elementos essenciais do ser humano na sua totalidade. 

Depois que no Brasil ultrapassamos as 500 mil vítimas, meio milhão de “animais” anatematizados foram sacrificados, sem que outros tantos carneiros aparecessem entre os arbustos, ao olhar angustiado e esperançoso de Abraão, símbolo da Humanidade destinada às pedras do altar.

Agora a dor foi muito maior, evidentemente, e mais aguda e pungente, a manifestação a surgir pela perda definitiva de familiares e entes queridos, pelo caos que sombreava a Humanidade inteira. A predestinação escrita de estrelas parecia cobrir a terra de trevas.

Uns preferiram negar a “Ciência”, recusar a luta covardemente e sem ela, ricos de atraso, ignorância, de desemprego e de ódio, aos humanos, as árvores, a vida, aos pobres indígenas, LGBTQIA+, mulheres e abandonar seus rebanhos nesses barcos, à deriva, debaixo do sol, debaixo da lua. Nos anos 90, nenhum de nós eleitos para o Congresso Nacional, podia imaginar que um Capitão afastado de nossas Forças Armadas seria esse “artífice” depois de proclamar a tortura, o golpe, o AI5, a ditadura, etc, valores a serem acatados.

Felizmente resistem aqueles para quem a cultura e a educação são faces da mesma moeda. Para estes, a Ciência e a Esperança nos fazem caminhar, levando a uma só direção. Eles aprenderam e construíram uma esperança autêntica, dos livros do Bispo de Hipona, Santo Agostinho, hoje lembrado, séculos depois, pelo “indignado” Edgar Morrin – de vida centenária: “A esperança só é válida quando sustentada por duas colunas: a indignação e a coragem”.

Mas há sinais positivos, apesar das mortes em larga escala e da possibilidade da extinção da nossa espécie sob a Terra. A dedicação dos profissionais da saúde no Brasil e no mundo, especialmente nos países mais pobres. O número imenso de profissionais da saúde, professores, religiosos de todas as crenças, os políticos e homens públicos brasileiros comprometidos com a saúde, seu povo e eleitores.

A postura da população brasileira, sendo doadores de alimentos, remédios, roupas, a atenção com os familiares, especialmente os mais pobres, das favelas, dos morros, do sertão, dos vales  mais pobres, da Amazônia e do Pantanal: tudo isso feito com esperança, indignação e coragem!  

É sinal que a sociedade brasileira acaba de dar uma prova de que é possível mudar suas estruturas, fazendo no pós-pandemia o que vem mostrando viver em termos coletivos. Com saúde, emprego, educação, cultura, o movimento das massas trabalhadoras, pobres e de classe média, a escola, a universidade funcionando e Deus abençoando, voltaremos ao “novo normal”, mas com mudanças realmente estruturais e com um novo mundo verdadeiramente novo.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas