Da commodity ao valor agregado: a diversificação do agronegócio mineiro

Minas Gerais é um dos maiores produtores nacionais de café, leite, batata-inglesa, cenoura e florestas plantadas. O Estado também se destaca na produção de queijo, cachaça, azeites, mel e frutas tropicais e vermelhas, produtos de alto valor agregado que podem impulsionar o reconhecimento internacional da agroindústria mineira. Conforme o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo, a valorização desses produtos é essencial para fortalecer a economia local e reduzir a dependência de commodities tradicionais, como o minério de ferro, que é um recurso finito.
Um exemplo claro, segundo ele, é o próprio café, cuja importância para a economia mineira se aproxima da mineração. Em 2024, por exemplo, as exportações mineiras somaram US$ 41,9 bilhões. O minério e seus concentrados responderam por 30% deste total, mas o destaque do ano foi o café não torrado – que elevou a participação de 14% para 19%.
Diferentemente dos minérios, porém, o café é um recurso renovável e pode ser explorado de forma sustentável e contínua. Mas, na avaliação de Antônio de Salvo, falta valorização. “Isso é algo que o mineiro não sabe fazer. Você não bebe café bom em Minas. Você vai ao Porto e bebe vinho ruim? Aqui nós bebemos café que gasta duas colheres de açúcar ou cinco gotas de adoçante. Isso mostra como o mineiro trabalha mal seus produtos e se comunica mal. Precisamos valorizar a mineiridade e o que se produz aqui”, alerta.
O mesmo vale para outras iguarias, conforme o dirigente. “Os queijos mineiros já são reconhecidos internacionalmente, mas deveriam receber maior proteção e incentivo para se consolidarem como referências globais, assim como ocorre em outros países. São mais de 50 tipos e 11 com certificado de origem. Sabores e métodos de produção interessantíssimos e desenvolvidos graças a tecnologias criadas por nós. E não para por aí. Temos as melhores cachaças de alambique do Brasil, méis e agora também vinhos e azeites”, destaca.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Sustentabilidade e o papel do agronegócio de Minas na segurança alimentar global
Para o dirigente, Minas Gerais tem um papel fundamental na produção de alimentos e pode ser protagonista na adoção de práticas sustentáveis. A pecuária brasileira e mineira, por exemplo, avança no uso de carne verde, produzida com responsabilidade ambiental, em contraste com sistemas intensivos adotados em outros países.
“Não nos tornamos os maiores exportadores de carne bovina porque Pedro Álvares chegou e encontrou belíssimos bois. Mas graças ao trabalho e muita tecnologia dentro do que fazemos para ter, por exemplo, uma carne que ninguém tem no mundo. Se o animal manda metano para fora, os capins sequestram de novo o C02 e equilibra esse CH4 que é emitido. Por isso a nossa pecuária é positiva em termos de carbono. Ao contrário de outros países como a Alemanha, que tem gado confinado em jaulas comendo proteína que concorre com o ser humano. Por isso, precisamos ter orgulho do que fazemos”, diz.
Outro ponto destacado por ele diz respeito à preservação ambiental, que no Brasil é uma das mais rigorosas do mundo, com 66% da vegetação nativa protegida, enquanto na Europa esse índice não passa de 5%. Ele frisa: “Ninguém protege mais o meio ambiente do que o produtor rural”.
Além disso, Salvo lembra que o mundo precisa de alimentos acessíveis e sustentáveis, e o Brasil tem capacidade de atender essa demanda sem expandir áreas de cultivo, apenas incorporando mais tecnologia. Para o presidente do Sistema Faemg Senar, com um agronegócio fortalecido e inovador, Minas Gerais pode não apenas impulsionar sua economia, mas também contribuir para a segurança alimentar global e para um crescimento econômico mais equilibrado entre suas diferentes regiões.
“A diversificação produtiva, o investimento em tecnologia e a valorização dos produtos mineiros são caminhos essenciais para um futuro mais sustentável e promissor. A tecnologia empregada pelo agronegócio no Brasil é imbatível. Ninguém faz e ninguém fará como nós. Teremos mais uma revolução na agricultura com essa capilarização tecnológica. Já temos feito transformações e o aumento de produção e pode fazer ainda mais”, conclui.
Ouça a rádio de Minas