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Municípios mineiros avançam na adoção dos ODS

Municípios veem na Agenda 2030 uma chance de atrair investimentos
Municípios mineiros avançam na adoção dos ODS
Itabira | Foto: Marcelo Metzker / ALMG

Em Minas Gerais, 10 municípios já aderiram formalmente ao Pacto Meu Município pelos ODS e outros estão em processo de adesão. Embora já desenvolvesse ações alinhadas à Agenda 2030 desde 2021, Itabira, na região Central do Estado, encontrou no pacto federal um instrumento para ampliar iniciativas, fortalecer a interlocução com o setor privado e enfrentar as desigualdades sociais.

“Desde que assumimos, conhecemos a fundo o tamanho das desigualdades em Itabira. Somos uma cidade que produz riquezas, mas com uma distribuição que não alcança todas as camadas. Reduzir essa diferença é prioridade da nossa gestão e está diretamente ligada aos compromissos dos ODS, com foco na priorização de políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis – sobretudo nas áreas que chamamos de ‘Eixo Humano’: Saúde, Educação e Assistência Social – e também no apoio ao desenvolvimento econômico como forma de minimizar as desigualdades”, explica o prefeito Marco Antônio Lage (PSB).

Marco Antônio Lage
Foto: Filipe Augusto / AcomPMI

Quanto às exigências do governo federal aos municípios que aderem ao Pacto, o líder municipal diz que todas as medidas já estão em andamento. O projeto que cria a Comissão Municipal para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável já está na Câmara de Vereadores para votação, e o Diagnóstico Situacional aguarda apenas ajustes finais para publicação oficial.

 “O município demonstra avanços importantes em saúde, infraestrutura, abastecimento e parcerias institucionais. Tudo isso é importantíssimo para Itabira, que vive um momento decisivo de sua história: buscar ser sustentável economicamente após o fim da mineração”, lembra.

O prefeito também destaca que investidores estão cada vez mais ligados às ações de sustentabilidade, que balizam a Agenda ESG, e assegura que Itabira seguirá por esse caminho, em busca de sustentabilidade verdadeira. Não apenas a econômica, ao fim da mineração, mas também a social, com a redução das desigualdades.

Mas o político também admite que há desafios. Os principais dizem respeito a preparar o orçamento para essas ações, bem como priorizar os mais vulneráveis na distribuição dos recursos. “Não é uma tarefa fácil, ainda mais em um país tão desigual quanto o nosso. Mas temos conseguido fazer, promovemos uma mudança de investimentos muito profunda em Itabira, com olhos voltados para os eixos que mais impactam a vida da população. É um desafio diário, sobretudo diante do cenário financeiro dos municípios mineradores”, avalia.

Ainda assim, as expectativas são grandes, a despeito dos benefícios da adoção de práticas e ações cada vez mais voltadas para o desenvolvimento sustentável proposto pela Agenda 2030. Benefícios esses que, conforme o prefeito, já são vistos no dia a dia das pessoas.

“Os benefícios estão nos resultados alcançados com programas que impactam de verdade a vida das pessoas: na redução da pobreza; na valorização das minorias; no número de crianças, jovens e idosos praticando esportes; na saúde mais eficaz, mais resolutiva e mais próxima das pessoas; nos índices de alfabetização que só sobem. Enfim, na melhoria da qualidade de vida da população. Isso tudo é resultado de uma visão que se norteia pelos ODS.”

Sabará fortalece planejamento

Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), também já tem colhido os frutos do Pacto. Entre os ganhos, a gestão municipal destaca as capacitações técnicas gratuitas para servidores, o apoio à elaboração de diagnóstico situacional e do Relatório Local Voluntário, a visibilidade institucional e a integração dos ODS ao PPA.

“A adesão fortalece a imagem política de Sabará como cidade comprometida com o desenvolvimento sustentável, o que pode atrair investimentos, parcerias estratégicas e ampliar sua visibilidade positiva em níveis estadual e nacional. A proposta é adaptar as metas globais à realidade local, por meio da integração ao Plano Plurianual, da escuta ativa da população e da criação de uma Comissão Municipal”, afirma o secretário de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Thiago Alves.

Thiago Alves
Foto: Livia Píramo

Segundo ele, o município aderiu à iniciativa como parte do compromisso da atual gestão com uma gestão participativa, inclusiva e sustentável. “A adesão reforça a proposta de transformar Sabará em uma cidade mais justa, humana e inovadora, enfrentando seus desafios com planejamento e integração”, resume.

Em relação aos desafios, Alves cita a desigualdade social, a estrutura urbana deficiente e a necessidade de modernização da gestão pública. Mas garante que a prefeitura busca superá-los por meio de planejamento estratégico, parcerias público-privadas, desburocratização de processos e fortalecimento de políticas públicas integradas e sustentáveis.

“A gestão já inclui os ODS ao Plano Plurianual e vai integrá-los também ao programa do governo, por meio de ações intersetoriais e metas claras para áreas como saúde, educação e desenvolvimento econômico”, conclui.

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